ÁFRICA - Os efeitos do "Protocolo de Maputo" sobre as mulheres e a sociedade africanas
Maputo (Agência Fides) - Seis milhões de abortos somente em 2011; ampla difusão de práticas como a esterilização feminina; recurso contínuo à contracepção e a métodos de controle de nascimentos que promovem programas de transformação radical das sociedades africanas, orientando-as para ideologias destrutivas da vida humana: estes são os efeitos e as feridas provocados pelo "Protocolo de Maputo", aprovado em julho de 2003 pela Assembleia da União Africana em Maputo, Moçambique. É o que diz, em nota enviada à Agência Fides, pe. Shenan J. Boquet, Presidente da Ong "Human Life International" (HLI), engajada em todo o mundo com a defesa da vida nascitura. "Trata-se de um aniversário a ser recordado, mas não celebrado" - afirma o presidente da HLI. O documento, cujo título original é "Protocolo da Carta africana dos direitos do homem e dos povos sobre os direitos das mulheres na África" - colocou na prática uma agenda que influenciou radicalmente o continente africano, encorajando grupos de controle populacional na África" - nota pe. Boquet. "Os defensores do Protocolo de Maputo querem nos fazer crer que o objetivo primário de seu documento é a mutilação genital feminina (MGF), crime cruel que viola a dignidade das mulheres e atinge quase dois milhões de mulheres africanas por ano" - explica. Todavia, a MGF é mencionada apenas uma vez no documento, que se concentra principalmente em temas como a legalização do aborto, a contracepção e a esterilização. "O documento - prossegue - promove mudanças na família tradicional, pedindo a eliminação da discriminação contra as mulheres, que é sempre injusta e imoral. Todavia, o uso deste termo no âmbito do protocolo é destinado a promover o livre exercício dos direitos sexuais das mulheres, ou seja, a liberdade de recorrer a abortos, contracepção e esterilização". O Protocolo pede o livre uso e distribuição de contraceptivos abortivos e estabelece que os estados africanos adotem "novos métodos pedagógicos para modificar modelos sociais e culturais de comportamento de mulheres e homens". "É a tentativa radical de redefinir e reorientar mentes e vidas de milhões de pessoas, através de uma propaganda de morte que destrói o próprio fundamento de sociedades, colocando em discussão sua futura existência" - escreve pe. Boquet. "Tais políticas provocam rupturas nas famílias, o crescimento do número de órfãos, de famílias sem pai e da promiscuidade. A mentalidade contraceptiva e abortiva, legalizada e aprovada pelo Protocolo de Maputo, não causará uma diminuição dos abortos, como seus defensores querem nos fazer crer, mas muito mais abortos" - adverte o presidente do HLI. Com efeito, segundo as próprias associações que promovem o controle populacional, como "Planned Parenthood", o número de abortos realmente aumentou na África entre 2003 e 2008.
HLI, que atua em diversas nações africanas, continuará a defender a vida e a difundir uma "cultura do respeito da vida, segundo os valores cristãos" - conclui. (PA) (Agência Fides 7/7/2012)
ÁSIA/MONGÓLIA - 20 anos depois, a Igreja aposta nos jovens e na família, para ser "luz e Boa Nova"
Ulaan Bataar (Agência Fides) - É uma Igreja jovem, que confia seu futuro aos jovens e às famílias: a comunidade católica na Mongólia, com mais de 800 fiéis, celebra 20 anos de presença no país e o faz - como diz à Agência Fides Dom Wenceslao Padilla, Prefeito Apostólico, "com o espírito do Magnificat de Maria, reconhecendo que o Senhor fez grandes coisas por nós", continuando a "promover a dignidade da pessoa humana, a dignidade do matrimônio e da vida familiar, a formação dos jovens".
"A celebração de 20 anos de surgimento da primeira missão na Mongólia - explica o Prefeito Apostólico - nos recorda que somos chamados a caminhar neste mundo com a luz de Cristo, a viver a nossa vida ética e moral em plenitude, segundo o Evangelho, tentando ser luz e Boa Nova, um para o outro". Dom Padilla continua: "Somos chamados a reforçar nossa contribuição com as obras sociais, de desenvolvimento, educação e espiritual, de que o povo tanto precisa. Como discípulos de Jesus Cristo, Verbo encarnado, não podemos viver sem levar em consideração a situação concreta da sociedade, realizando obras de caridade e praticando atos de misericórdia".
Dentre as atividades especiais previstas para o 20° aniversário, no dia 7 de julho será celebrada a "Jornada nacional da Juventude mongol" (Mongolian Youth Day) e no dia 8, uma solene Eucaristia na Catedral de Ulaan Baatar, com a presença de autoridades civis e religiosas como Dom Savio Hon Taifai, Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos, e de Dom Lazzaro You Heung-sik, Bispo da Diocese de Daejeon, na Coreia do Sul.
Por ocasião do XX aniversário, as paróquias da Mongólia passarão de 4 para 5, com a elevação da Igreja "Maria Mãe da Misericórdia" à paróquia, enquanto será inaugurada a Escola de ensino fundamental católica, que a Igreja começou a construir há dois anos. Nos próximos meses, Dom Padilla prevê encontros particulares com as comunidades e vários setores da Igreja local, para ouvir as aspirações e os desejos de todos os componentes eclesiais. As celebrações terão seu ápice no dia 7 de outubro de 2012, dia em que todos os fiéis católicos mongóis são convidados a plantar uma árvore, em recordação dos 20 primeiros anos de vida da Igreja. (PA) (Agência Fides 7/7/2012)
ÁSIA/MONGÓLIA - De zero a 800 fiéis: uma comunidade em pleno crescimento, empenhada pelo bem da sociedade
Ulaan Bataar (Agência Fides) - Semear o Evangelho, empenhar-se pelo bem comum, lutar contra a pobreza, contribuir para o desenvolvimento humano, cultural, moral e espiritual: com esses critérios, a Igreja na Mongólia prepara o seu futuro, passados 20 anos do seu nascimento no país. É o que afirma, numa Carta pastoral intitulada "Celebrar os 20 anos da presença católica na Mongólia", Dom Wenceslao Padilla, Prefeito Apostólico. A Carta, enviada à Agência Fides, traça um quadro histórico e contemporâneo da Igreja local na Mongólia.
Na queda do regime comunista, em 1991 - recorda o Prefeito -, na Mongólia não havia católicos. Em 1992, com a nova Constituição que reconhece a liberdade religiosa, foi instituída a primeira "Missino sui iuris" e foram estabelecidas relações diplomáticas entre a Santa Sé e a Mongólia. Naquele ano, chegaram ao país os primeiros três missionários pioneiros, que reconstruíram locais de culto e ajudaram a população, renovando o caminho de evangelização. Em 2006, os católicos eram cerca de 600, inclusive 350 mongóis. Hoje, os missionários são 81 de 22 nacionalidades diferentes e de 13 institutos religiosos ou grupos. Depois de 20 anos de evangelização, os fiéis católicos batizados são hoje 835 e muitos outros continuam a preparação para o batismo. A primeira vocação do país nasceu em 2008 e dois jovens mongóis estão agora num dos seminários mais importantes da Coreia do Sul, na Universidade Católica de Daejeon, realizando o caminho e a formação ao sacerdócio.
Com o aumento do pessoal da Igreja (missionários e colaboradores locais), floresceram obras pastorais, sociais, de desenvolvimento, educativas, caritativas e humanitárias. A missão católica conta hoje dois centros para crianças de rua, uma casa para idosos, duas creches, duas escolas primárias, um centro para crianças com deficiências e uma escola técnica. Além disso, criou três bibliotecas com salas de estudo e estruturas de informática, um albergue para os estudantes universitários, dotado de modernas estruturas e vários centros para atividades juvenis. Estão em pleno funcionamento duas empresas agrícolas em áreas rurais, com programas que ajudam as comunidades rurais, um ambulatório e uma clínica. A Caritas Mongólia, conclui Dom Padilla, leva adiante programas de abastecimento hídrico, construção de casas para indigentes, agricultura sustentável, segurança alimentar, promoção social e luta ao tráfico de seres humanos. (PA) (Agência Fides 7/7/2012)
OCEANIA/PAPUA NOVA GUINÉ - Uma rede de Tv, rádio e internet dedicado ao Beato Pedro To Rot
Bereina (Agência Fides) - O Beato Pedro To Rot, o leigo mártir da Papua Nova Guiné, de quem a Igreja celebra em 2012 o centenário de nascimento, prossegue no século 21 a obra de evangelização da população de Papua através de uma rádio e de uma televisão intituladas a ele. Como referem fontes de Fides na Igreja local, a rede de comunicação, chamada "A voz de Pedro To Rot", inclui serviços de rádio, tv e internet, e foi lançado, por ocasião do centenário, pela diocese de Bereina, guiada por Dom Rochus Tatamai MSC.
Numa mensagem enviada à Fides, o Bispo sublinha o desejo de "testemunhar Cristo através dos meios de comunicação como rádio e televisão, internet e redes sociais".
"A voz de Pedro To Rot" transmite nas localidades de Kerema, Vunapope, Malmaluan, Bereina, Lorengau e no futuro próximo em Port Moresby. O projeto conta com uma grande colaboração ecumênica de outras Igrejas cristãs para a difusão dos valores humanos e cristãos na sociedade.
A rede católica fornecerá também serviços, programas e produções televisivas para "Kundu2", emissora pública de televisão na Papua: de tal modo chegará a um público muito vasto no país. Na internet a nova rede é visível nos endereços www.voiceoftorot.com e www.torot.tv . (PA) (Agência Fides 7/7/2012)
OCEANIA/PAPUA NOVA GUINÉ - A Igreja olha para o Beato Pedro To Rot para relançar o valor da família
Rabaul (Agência Fides) - Um longo período de preparação marcado pela catequese mensal para refletir sobre o tema da família e da vida; a "peregrinatio" das relíquias do Beato nas paróquias da Diocese de Rabaul; a peregrinação dos Bispos da Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão em Rakunai, local do nascimento do Beato: com este caminho nas costas, a comunidade cristã da Papua Nova Guiné celebra em 7 de julho, o aniversário de 100 anos de nascimento do Beato Pedro To Rot, leigo e mártir, no ápice do Ano dedicado a ele (julho de 2011 - dezembro de 2012).
Para celebrar o evento, o Bispo de Rabaul, Dom Francesco Panfilo, SDB publicou recentemente uma carta pastoral intitulada "Beato To Rot, exemplo de vida familiar". No texto da carta, enviada à Agência Fides, o Bispo ressalta: "A santidade deste leigo simples e humilde lembra a todos os fiéis católicos de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, a importância da instituição da família e do matrimônio cristã".
O Bispo espera que "as celebrações em honra do Beato tragam mais santidade em nossas famílias e, sobretudo, que os jovens descubram a importância do sacramento do matrimônio". Até mesmo o Papa Bento XVI em sua mensagem aos Bispos de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, no final da visita 'ad limina' em Roma em 9 de junho de 2012, incentivou todos os casais "a olhar para seu exemplo de coragem e ajudar os outros a considerar a família como um dom". O Papa Bento XVI enviou à Papua Nova Guiné o Cardeal Joseph Zen de Hong Kong como seu enviado especial para a celebração do centenário, lembrando que o Beato "ofereceu sua vida a Cristo como marido e pai de família."
Pedro To Rot foi um catequista de Papua Nova Guiné, morto em 1945 por se opor à poligamia. Durante a II Guerra Mundial, seu povoado, Rakunai, foi ocupado pelos japoneses, e os missionários foram presos, mas To Rot assumiu a responsabilidade da vida espiritual de seus concidadãos. Quando as autoridades legalizaram a poligamia, o Beato Pedro a recusou. Ele foi morto com uma injeção em julho de 1945 por um médico japonês. Foi o primeiro beato da Papua elevado à glória dos altares em 17 de janeiro de 1995 por João Paulo II. (PA) (Agência Fides 7/7/2012)
VATICANO - A visita do Card. Filoni ao Congo: "Graças à admirável colaboração dos leigos com seus Pastores, a Igreja local é viva, dinâmica e missionária"
Kinshasa (Agência Fides) - Um agradecimento pelo empenho dos leigos congoleses a serviço da Igreja foi expresso pelo Card. Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, durante o encontro com os membros do Comitê nacional dos Leigos e os representantes das Comissões de Leigos, realizado em Kinshasa na tarde de ontem, 5 de julho. "Graças à admirável colaboração dos leigos com seus Pastores, a Igreja local é viva, dinâmica e missionária - disse o Cardeal. A todos vocês, leigos, que contribuíram ao anúncio do Evangelho ontem e hoje, quero conceder a máxima honra, com uma menção especial aos catequistas".
Muitos leigos oferecem "excelente testemunho de fé e de caridade através de seu empenho nas áreas política, econômica e cultural", e o Prefeito do Dicastério Missionário os encorajou a prosseguir em seu serviço, especialmente no campo político, assinalando alguns desafios a ser enfrentados nos planos social e eclesial, como principalmente a evangelização da cultura. "Conflitos, rivalidades doentias, divisões étnicas e tribais, fetichismo e bruxarias, o abandono da Igreja em favor de seitas ou igrejas independentes: todos estes males são a triste expressão da falta de profundidade da fé em parte dos cristãos - destacou o Cardeal. É, portanto urgente mudar estas atitudes e comportamentos contrários ao espírito do Evangelho".
Outro setor carente de atenção e empenho pastoral é a família, aflita pela frágil adesão à moral conjugal católica, pelo concubinato, o divórcio e a poligamia. O Cardeal convidou os leigos a assumirem parte ativa na pastoral familiar e a promover movimentos e associações de espiritualidade familiar, para defender a família e os valores familiares. "A educação aos valores da paz, da justiça e da reconciliação começa na família - prosseguiu o Card. Filoni -. É também um empenho que o recente Sínodo para a África identificou como prioritário para a Igreja na África, sobretudo para a República Democrática do Congo, visto o contexto sócio-político do país, atingido pela guerra, por conflitos armados, luta pelo poder, movimentação da população, injustiças sociais e violações dos direitos humanos. O desafio aqui é tornar a Igreja-Família de Deus um autêntico lugar de perdão, de reconciliação e de paz". O Prefeito do Dicastério Missionário encerrou seu discurso exortando os leigos congoleses a testemunhar coerentemente em suas vidas a fé professada e voltar-se à santidade, cultivando uma profunda relação espiritual com Deus. (SL) (Agência Fides 06/07/2012)
VATICANO - Do seminário aos recursos para a missão: o Card. Filoni aos seminaristas de Kinshasa
Kinshasa (Agência Fides) - "O seminário é como um celeiro ao qual é preciso prestar a máxima atenção porque é dele que depende o sustento da família, que é a Igreja. Dele devemos extrair os recursos necessários para a Missão". Utilizando esta metáfora, o Card. Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, se dirigiu aos seminaristas e a seus formadores, com um discurso proferido na manhã de 6 de julho, em Kinshasa. "É muito importante saber apreciar e valorizar ao máximo este período - disse o Cardeal - que lhes oferece oportunidades preciosas e únicas para adquirir conhecimentos intelectuais e para o crescimento humano e espiritual. O tempo da formação nos seminários é um tempo de graça, a ser vivido em toda a sua plenitude, com um grande sentido de compromisso e responsabilidade".
No caminho do sacerdócio, "é fundamental reservar atenção especial à vida espiritual" - ressaltou o Card. Filoni, recordando que o cotidiano, marcado pelo ritmo da oração litúrgica "deve encontrar sempre seu momento central na celebração da Santa Missa". Ele também recomendou a celebração do sacramento da Penitência e a direção espiritual, além da oração pessoal. "Este contato íntimo com o Senhor - prosseguiu - vai ajudá-los a compreender como é essencial salvaguardar o precioso dom da castidade e do celibato, com uma constante vigilância sobre si mesmos, sobre como administrar seu tempo livre e sobre o uso dos meios de comunicação social". Um elemento a não se subestimar, que o Papa define como "prioritário" é a formação teológica: diante de tantos males que derivam da confusão doutrinal, "é necessário abster-se à fonte autêntica do Magistério, que fornece orientações claras e seguras" - reiterou o Prefeito. Enfim, o Seminário "é uma verdadeira escola de humanidade, ou seja, um lugar onde se faz aprendizagem da vida comunitária" - evidenciou o Cardeal Prefeito, recordando o importante papel dos formadores, aos quais se dirigiu com a exortação: "devem ser exemplos neste campo para os jovens que lhes são confiados". (SL) (Agência Fides 06/07/2012)
ÁFRICA/MALI - Alarme no norte de Mali pela difusão da cólera
Bamako (Agência Fides) - "A cólera está se difundindo na área de Gao, no norte de Mali, ocupada por vários grupos armados. Já se registraram as primeiras mortes" - diz à Agência Fides pe. Edmond Dembele, Secretário Geral da Conferência Episcopal de Mali.
"A falta de combustível para alimentar os geradores que movem as bombas provoca a falta de água" - explica pe. Dembele. "Está para começar a estação das chuvas e mesmo que no norte sejam menos intensas, isso pode agravar o problema se não for tomada alguma providência, porque a água contaminada é veículo de várias doenças, como a cólera".
Segundo pe. Dembele, "o Estado está tomando iniciativas para ajudar as populações da área. Já foi lançada uma campanha de sensibilização da população, com conselhos de higiene para evitar a propagação da epidemia. Trata-se de uma campanha que é feita anualmente durante a estação das chuvas, mas que este ano começou antes para enfrentar a emergência de Gao".
Na área da saúde, "pensa-se em enviar ao norte medicamentos através do corredor humanitário que o governo já utiliza para enviar alimentos às áreas controladas pelos rebeldes" - acrescenta pe. Dembele.
No plano político, amanhã, 7 de julho, abre-se a Cúpula sobre Mali em Uagadugu (capital de Burquina-Fasso). Participam representantes de diversos partidos políticos e da sociedade civil de Mali. "Os líderes religiosos estão convidados" - afirma o Secretário Geral da Conferência Episcopal de Mali. "Dentre eles, estão os representantes do Alto Conselho Islâmico, o Arcebispo de Bamako, Dom Jean Zerbo, e o Presidente da Associação das Igrejas protestantes".
"O governo não tem ainda o apoio necessário das forças políticas para tentar enfrentar a crise do norte. Esperamos que o encontro de Uagadugu produza uma brecha para a solução" - conclui pe. Dembele. (L.M.) (Agência Fides 6/7/2012)
ÁFRICA/SUDÃO - A oposição sudanesa chama a população à revolta pacífica
Cartum (Agência Fides) - Há um ano da independência do Sudão do Sul (proclamada em 9 de julho de 2011), os principais partidos da oposição sudanesa assinaram, no dia 4 de julho, um pacto para conduzir uma "luta pacífica em todas as suas formas para derrubar o regime" do Presidente Omar al Bashir. As ações de luta incluem "greves, demonstrações pacíficas, sit-in e formas de desobediência civil".
O objetivo é criar um governo interino no qual todas as forças políticas estejam representadas, que guie o Sudão nos próximos três anos, até a promulgação de uma nova Constituição e a realização de novas eleições.
O acordo, denominado Democratic Alternative Charter (DAC), prevê também que dentre os princípios a orientar a redação da nova Constituição exista a fórmula que descreve o Sudão como "Estado civil democrático" no qual todos os cidadãos sejam iguais diante da lei.
A DCA estabelece também "a abolição de toda lei que limite a liberdade", o "respeito das diversas realidades presentes no Sudão" e "garantias contra o uso da religião na política". Enfim, faz-se um apelo à resolução do conflito em Darfur pedindo também que os responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade respondam diante da coletividade.
A coalizão de oposição (National Consensus Forces, NCF) proclamou para hoje, 6 de julho, uma primeira rodada de manifestações. A NCF visa limitar o descontentamento da população pelas severas medidas de austeridade impostas pelo governo em consequência da perda de três quartos das entradas derivadas do petróleo, depois da independência do Sudão do Sul, onde se concentra a maior parte dos poços de petróleo do então Sudão unitário. (L.M.) (Agência Fides 6/7/2012)
ÁFRICA/QUÊNIA - Os jesuítas e o desafio da África: em Nairóbi a Congregação dos Procuradores da Companhia de Jesus, a primeira fora da Europa
Nairóbi (Agência Fides) - De 9 a 15 de julho, se realizará em Nairóbi, no Quênia, a 70a Congregação dos Procuradores da Companhia de Jesus, que decidirá a respeito da necessidade de convocar uma Congregação Geral e se refletirá sobre os desafios atuais enfrentados pelos jesuítas. Um dos desafios é a África, como ratificado pela Congregação Geral de 2008. Por isso, ficou decidida a reunião no Quênia: é a primeira Congregação dos Procuradores a se realizar fora da Europa. Segundo informações recebidas pela Agência Fides, o Padre Geral convoca a Congregação dos Procuradores (CP) a cada quatro anos, a partir do encerramento da Congregação Geral. Os participantes são os chamados "procuradores": jesuítas eleitos por suas respectivas províncias, unidades administrativas em que é organizada a Companhia de Jesus em todo o mundo. Neste sentido, os procuradores são representantes qualificados da base da Companhia, e não de seu governo.
A Congregação dos Procuradores não tem poder legislativo e sua tarefa mais importante é decidir se convocar ou não a Congregação Geral, bem como discutir o estado geral da Companhia de Jesus em sua dimensão universal. Em Nairóbi, estarão presentes 84 procuradores eleitos por suas províncias (7 da África, 14 da América Latina, 18 da Ásia do Sul, 7 da Ásia-Pacífico, 29 da Europa, 9 dos EUA) e outras 13 pessoas que participam por direito. A província jesuíta africana, que hospeda a Congregação dos procuradores, é formada por 212 jesuítas que trabalham em 6 países: Etiópia, Quênia, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Uganda. O seu compromisso pastoral se desenvolve nas paróquias, casas de retiro e centros educacionais, sociais e de comunicação. (SL) (Agência Fides 06/07/2012)
ÁSIA/PAQUISTÃO - Presidente, bispos e ministros: choque e vergonha por causa do caso do homem "blasfemo" queimado vivo
Multan (Agência Fides) - Há uma preocupação forte, profunda dor e choque pelo caso do homem acusado de blasfêmia e queimado vivo em Bahawalpur em Punjab (veja Fides 5/7/2012). A localidade se encontra na Diocese de Multan e uma equipe da Comissão Diocesana "Justiça e Paz" tomou medidas para esclarecer os diferentes aspectos do caso: parece que o homem não fosse daquela área, segundo alguns era um portador de deficiência mental, não se conhece sua família de origem. Conforme relatado à Agência Fides, a equipe "Justiça e Paz" ainda não pode ir ao local do crime porque não há nenhuma garantia de ordem e segurança. Em Bahawalpur existem grupos islâmicos radicais que tiveram grande peso nesse episódio.
Dom Andrew Francis, Bispo de Multan, que mantém constante contato com os cristãos de Bahawalpur, disse à Fides: "Condenamos o indescritível e macabro gesto e também todas as formas de violência brutal. Tenho vergonha de pensar que isso aconteceu em minha diocese. Como Igreja local continuaremos a prestar atenção e seguir esse fato e suas implicações, com prudência e com oração. "O bispo, que também é presidente da "Comissão para o Diálogo Inter-Religioso" na Conferência Episcopal, disse que "a Igreja vai duplicar seus esforços no diálogo com os líderes muçulmanos" para deter todas as formas de extremismo.
O caso criou confusão por toda a sociedade, na política e entre as minorias religiosas. O Presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, definindo o caso "doloroso", ordenou um inquérito para investigar o linchamento. Numa nota enviada à Agência Fides, Paul Bhatti, Conselheiro do Primeiro-Ministro para a Harmonia Nacional, expressou profunda tristeza e preocupação, notando que "ninguém tem o direito de se apropriar da lei", e esperando que "a justiça seja feita". (PA) (Agência Fides 6/7/2012)
ÁSIA/SÍRIA - Provas de reconciliação em Homs: presente o novo ministro Ali Haidar
Homs (Agência Fides) - "Mussalaha", o movimento inter-religioso para a reconciliação que nasceu espontaneamente na sociedade civil em algumas cidades sírias (veja Fides 12 e 27/6/2012), está dando passos positivos e obteve a atenção de Ali Haidar , Ministro da Reconciliação Nacional. A Comissão Popular da "Mussalaha", conforme relatado por fontes de Fides, se reuniu recentemente na região de Homs, na presença do Ministro Haidar, socialista e proveniente do partido da oposição "Syrian Social Nationalist Party". O encontro contou com a participação do governador de Homs, Sheikh Ahmad, vários líderes tribais, representantes de todas as etnias e religiões, líderes das comunidades árabes, autoridades civis da cidade de Homs, líderes da sociedade civil, incluindo Akram Qalish, do sacerdote sírio-católico Pe. Michael Naaman, do xeque Habib Fendi, profissionais e cidadãos comuns de boa vontade. Todos testemunharam o desejo de "estender a mão da reconciliação para deter a hemorragia das feridas na Síria" e "unir os filhos da Síria no amor e na reconciliação". A Assembleia salientou a rejeição do sectarismo, expressando o desejo de construir uma "civilização do amor e da convivência" entre os filhos da mesma pátria. Os participantes reafirmaram a prioridade da amizade e da fraternidade, insistiram na urgência de deter a violência e promover a reconciliação no país, para reconstruir um tecido social desgastado, baseado-se no perdão e na compreensão.
Diante das demandas da sociedade civil, o ministro Ali Haidar disse ter "as portas abertas" e partilhar um projeto de reconciliação nacional, acrescentando que o ministério tem uma visão e uma estratégia que em breve serão apresentados ao público. O ministro Haidar pagou um preço pessoal no conflito, visto que seu filho, Ismael Haidar, foi assassinado em maio passado. O seu ministério anunciou que irá criar um site interativo, com linhas telefônicas diretas para receber denúncias dos cidadãos. O Ministério da Reconciliação, concluiu Haidar, "é a morada de todos os sírios, sem exceção", e garantiu que a sua Comissão de trabalho "será composta de 23 milhões de sírios". (PA) (Agência Fides 6/7/2012)
ÁSIA/LAOS - Cristãos presos porque "explicavam a Bíblia"
Luang Namtha (Agência Fides) - Fiéis cristãos de pelo menos 15 vilarejos da província de Luang Namtha, no norte de Laos, comunicaram casos de intimidações e ameaças por parte de alguns agentes de polícia que os acusaram de difundir a fé cristã. Às vezes, depois das advertências, há detenções: nos dias passados, quatro pessoas, entre as quais duas cidadãs tailandesas, foram presas pela polícia da província de Luang Namtha, porque acusadas de "explicar a Bíblia a um homem laotiano, na casa de um cristão local". Seus objetos pessoais foram confiscados pela polícia e os quatro foram levados para a prisão provincial de Luang Namtha. Segundo a práxis, os presos são normalmente detidos numa prisão local, à espera da realização das investigações; mas neste caso, os quatro foram transferidos imediatamente para a prisão provincial, mesmo na ausência de acusações formais. Segundo a organização "Christian Solidarity Worldwide", aos presos não foi permitido nenhum contato com os membros de suas famílias ou com advogados. Alguns cristãos laotianos estão tentando ajudá-los porque as prisões de Laos não fornecem alimento e recursos adequados para os detidos. A embaixada tailandesa em Laos foi informada do ocorrido.
Essas detenções seguem a de um Pastor cristão protestante de 53 anos, conhecido como Asa, detido em 6 de junho, sempre na província de Luang Namtha, por ter pregado a fé cristã. Dois anos atrás, a polícia laotiana o obrigou a assinar alguns documentos, concordando que não proclamaria Cristo e não levaria pessoas ao Cristianismo. Uma terceira série de detenções na província de Luang Namtha ocorreu em 24 de março, quando seis cristãos, todos cidadãos tailandeses, foram presos por "atividade de difusão da fé cristã". Os seis foram libertados depois de algumas semanas, depois de pagar uma multa muito alta. Esses casos, nota a Ong CSW, "fazem parte de um modelo de repressão religiosa em andamento na província de Luang Namtha". (PA) (Agência Fides 6/7/2012)
AMÉRICA/BOLÍVIA - A violência é inútil e contrária à dignidade de todo homem; também a Igreja apoia a marcha de Tipnis
Cochabamba (Agência Fides) - "Em muitas ocasiões, a Igreja Católica condenou o uso da violência, considerada inútil e contrária à dignidade de todo homem e ao próprio exercício dos direitos fundamentais... Um diálogo responsável, ao invés, pressupõe abertura, escuta e respeito recíproco, para alcançar as soluções desejadas, a serviço da dignidade das pessoas e do bem comum da sociedade": são as palavras de um comunicado lido por Dom Oscar Aparicio, Bispo Auxiliar de La Paz, Secretário da Conferência Episcopal, durante uma coletiva de imprensa convocada ontem para relançar o apelo ao diálogo. A Secretaria-Geral da Conferência Episcopal Boliviana manifestou, de fato, grande preocupação pela ação repressiva exercitada pelas forças de ordem contra os participantes da IX Marcha de Tipnis (Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Secure), entre os quais mulheres e crianças, organizada dois dias atrás em defesa desta região indígena, para evitar a construção de uma estrada que a atravessaria.
Várias instituições manifestaram apoio às populações locais: a COB (Central Operária da Bolívia), a Federação dos Professores das escolas de La Paz, muitos setores sociais, a Igreja Católica na pessoa do Bispo da diocese de El Alto, Dom Jesus Juarez, que é Vice-presidente da Pastoral Social e da Caritas Boliviana, o qual lançou um apelo para abrir o diálogo e encontrar acordos autênticos.
Justamente ontem teve início em Cochabamba o encontro do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Boliviana, durante o qual se falará desta situação e de outros problemas sociais da Bolívia. A situação se tornou tensa depois da aprovação da "consulta" sobre a construção da estrada na região de Tipnis (veja Fides 25/10/2011), não obstante o governo tenha especificado que se tratava somente de uma consulta e não da aprovação definitiva para a construção da obra. (CE) (Agência Fides, 06/07/2012)
ATOS DA SANTA Sé
ÁSIA/INDONÉSIA - Demissão do Bispo de Tanjungkarang e nomeação do Administrador Apostólico
Cidade do Vaticano (Agência Fides) - O Santo Padre Bento XVI em 6 de julho de 2012 aceitou a renúncia ao governo pastoral da Diocese de Tanjungkarang (Indonésia), apresentada por Dom Andreas Henrisusanta, S.C.I., em conformidade ao can. 401 § 1 do Código de Direito Canônico e nomeou Administrador Apostólico sede vacante et ad nutum Sanctae Sedis da mesma diocese Dom Aloysius Sudarso, S.C.I., Arcebispo de Palembang. (SL) (Agência Fides 06/07/2012)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog