Santa Sé


China:Ordenação episcopal sem mandado pontifício atenta contra unidade da igreja
Congregação para Evangelização dos Povos se manifesta sobre administração apostólica de Harbin
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 6 de julho de 2012 (ZENIT.org) – No último dia 3 de julho, três dias depois do anúncio da ordenação episcopal ilegítima do padre Joseph Yue Fusheng, a Congregação para a Evangelização dos Povos publicou a seguinte nota:
Chega-nos a notícia de que, na Administração Apostólica de Harbin, província de Heilongjiang, está em preparação a ordenação episcopal do padre Joseph Yue Fusheng. A este propósito, precisamos:
1 - Uma ordenação episcopal, como esta, privada de mandado pontifício, opõe-se diretamente ao ofício concedido por Nosso Senhor a Pedro e aos seus sucessores como chefes do colégio dos bispos, vigários de Cristo e pastores da Igreja universal, e é um atentado contra a unidade da Igreja e contra toda a obra de evangelização. Como escreveu o santo padre Bento XVI na Carta aos bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis da Igreja católica na China (27 de maio de 2007, nº 9), “pode-se compreender que as autoridades governamentais estejam atentas à eleição de quem desempenhará o importante papel de guias e pastores das comunidades católicas locais, visto o impacto social que tal função também provoca no campo civil, tanto na China quanto no resto do mundo”. É necessário levar em consideração, porém, que “a nomeação dos bispos por parte do papa é a garantia da unidade da Igreja e da comunhão hierárquica. Por esta razão, o Código de Direito Canônico (cf. cânon 1.382) estabelece graves sanções tanto para o bispo que confere livremente a ordenação episcopal sem mandado apostólico quanto para aquele que a recebe: tal ordenação representa uma dolorosa ferida à comunhão eclesial e uma grave violação da disciplina canônica”. “Quando concede o mandado apostólico para a ordenação de um bispo, o papa exerce a sua suprema autoridade espiritual: autoridade e intervenção que permanecem no estrito campo religioso. Não se trata, pois, de uma autoridade política, que se introduziria de maneira indevida nos assuntos internos de um Estado, ferindo a sua soberania”. A nomeação dos bispos é uma questão não política, mas religiosa.
2 - A ordenação episcopal de Harbin foi programada de maneira unilateral e produzirá divisões, rupturas e tensões no seio da comunidade católica na China. A comunidade católica de Harbin não quer uma ordenação episcopal ilegítima. A sobrevivência e o desenvolvimento da Igreja podem acontecer somente em união com o pontífice romano, a quem, em primeiro lugar, é confiada a Igreja, e não sem a sua concordância, como é o caso de ordenações que, a exemplo desta, carecem do mandado pontifício. Em se querendo que a Igreja na China seja católica, são indevidas todas as ordenações episcopais que não tenham recebido a aprovação prévia do santo padre.
3 - O padre Yue Fusheng foi informado há muito tempo da não aprovação pontifícia: sua ordenação será ilegítima; ele será privado da autoridade de governar a comunidade católica diocesana e a Santa Sé não o reconhecerá como bispo de Harbin. Ocorrendo a sua eventual ordenação ilegítima, são igualmente atribuídos a ele os efeitos da sanção correspondente à violação da norma do cânon 1.382 do Código de Direito Canônico (cf. Declaração do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos, de 6 de junho de 2011).
4 - Os bispos consagrantes também se expõem às graves sanções canônicas previstas pela lei da Igreja (em especial pelo cânon 1.382 do Código de Direito Canônico).
5 - As autoridades governamentais foram informadas de que a ordenação episcopal do padre Yue Fusheng carece da aprovação do santo padre e entraria em contradição com os sinais de diálogo desejados tanto pela parte chinesa quanto pela Santa Sé.
(Trad.ZENIT)
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Comunicar a fé hoje


Cada vez mais muçulmanos assistem a um canal cristão de televisão
A Sat7, criada há dezesseis anos, é mantida pela Ajuda à Igreja que Sofre
ROMA, sexta-feira, 6 de julho de 2012 (ZENIT.org) - A emissora cristã Sat7 foi criada há dezesseis anos para o público da Turquia, do Irã e do mundo árabe. “Temos certeza de que a ignorância leva ao preconceito e à difusão dos conflitos, e que só a informação honesta pode frear este processo”, declara Kurt Johansen, diretor do escritório europeu da Sat7, sediado em Christiansfeld, Dinamarca, em conversa com a Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
Naturalmente, as dificuldades são muitas para um pequeno canal voltado a uma minoria, que, além de tudo, está em constante diminuição, como é a dos cristãos no Oriente Médio e no norte da África. “Os cristãos representam hoje cerca de 4% da população do Oriente Médio”, continua o jornalista. “O resto dos habitantes conhece muito pouco dos cristãos e da religião cristã. O cristianismo ainda é associado frequentemente ao Ocidente, do qual, no geral, os arabes desconfiam”.
A missão do pequeno canal por satélite, cuja sede mundial fica em Nicósia, no Chipre,
é atingir o público islâmico e difundir os valores da fé cristã. “É uma tarefa difícil numa região vasta e de maioria muçulmana, onde vivem mais de 200 milhões de pessoas e onde já existem outros 300 canais. Até agora, o nosso esforço está dando certo”.
Os telespectadores habituais da Sat7 são cerca de 7 milhões. O número está crescendo. Os responsáveis pela emissora são as igrejas cristãs do Oriente Médio e do norte da África, que levantam em média 12 milhões de dólares por ano em donativos. A AIS mantém regularmente o canal desde 1999.
A programação vai ao ar durante 24 horas diárias em quatro canais nos idiomas árabe e farsi, e durante quatro horas no canal em turco. A grade inclui talkshows sobre assuntos cotidianos e religiosos, aprofundados por especialistas em cada matéria. Mas o ponto forte da programação são os filmes e documentários inspirados em episódios da bíblia. “No Oriente Médio, a tradição de contar histórias é muito antiga e valorizada”.
Em 2007,  foi criado um canal infantil, o Sat7 Kids, com programas de cultura geral e reportagens do mundo árabe. “Nunca entramos em temáticas políticas, nem nas questões internas do mundo árabe”, explica Johansen. “Quando temos que abordar assuntos polêmicos, como o papel da mulher, ficamos bem atentos para não ferir a sensibilidade dos telespectadores”.
Mas a sensibilidade não é a única razão do reconhecimento que a emissora conseguiu das autoridades locais. Mais de dois terços dos funcionários da Sat7 são da região e cerca de 80% dos programas são produzidos no Oriente Médio, em especial no Egito e no Líbano. “Mas nem isto nos garante segurança absoluta. Para muitos, uma TV cristã continua sendo um espinho no pé. Principalmente se ela tem milhões de telespectadores”.
(Trad.ZENIT)
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Brasil


Juventude é tema do III Prêmio Odair Firmino de Solidariedade
Inscrições abertas
BRASÍLIA, sexta-feira, 06 de julho de 2012(ZENIT.org)- Promovido pela Cáritas Brasileira, o Prêmio Odair Firmino tem o objetivo de promover a solidariedade e valorizar as experiências e as ações coletivas e reconhecer os esforços das organizações, associações, entidades e grupos populares na defesa da vida.
Lançado em 2010, em Brasília (DF), o Prêmio já contou com a inscrição de mais de 80 projetos, nas duas edições anteriores. Em 2010 o prêmio tinha como objetivo promover as ações de grupos em defesa da vida e valorizar o protagonismo dos brasileiros excluídos pelas políticas públicas. O projeto vencedor foi “Veredas Vivas”, da Agência 10envolvimento, comunidade Ponte de Mateus, localizada no município de São Desidério, interior da Bahia.
Em 2011, com o tema “Mulher, Meio Ambiente e Desenvolvimento”, o prêmio teve como objetivo apresentar a luta e as ações de mulheres organizadas em grupos, que historicamente visam construir uma humanidade viva em harmonia com a natureza. A experiência vencedora foi “A luta das mulheres indígenas pela igualdade de direitos e qualidade de vida de seus povos” da Comissão de Organização de Mulheres Indígenas do Sul da Bahia (Comisulba).
Em 2012, o tema da terceira edição do Prêmio Odair Firmino é Juventude, Desenvolvimento e Solidariedade. Semeando Direitos, colhendo Vidas. A temática da juventude busca pautar questões relacionadas com os jovens organizados, que visam incentivar o protagonismo e a conquista de direitos, além de alertar sobre a violência sofrida por esta parcela da sociedade.
As inscrições começam na próxima terça-feira, dia 10, e vão até 10 de setembro.
Acesse a página do Prêmio e saiba mais:
http://premioodairfirmino.caritas.org.br
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Censo e religiosidade
Reflexões de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte
Dom Walmor Oliveira de Azevedo*
BELO HORIZONTE, sexta-feira, 06 de julho de 2012 (ZENIT.org) - O Censo Demográfico 2010, apresentado pelo IBGE, está merecendo uma especial consideração no que diz respeito ao cenário religioso da sociedade brasileira. Contudo, esse interesse, obviamente, não pode apenas ser em função do conjunto da dança de números: a constatação de declínio na declaração de crença quanto ao catolicismo, o crescimento daqueles que dizem não ter religião, ou, ainda, a consideração do crescimento evangélico, fruto do viés pentecostal.
Esse cenário de diversificação há de produzir leituras e interpretações em algumas direções essenciais. Uma delas refere-se à configuração e aos funcionamentos institucionais das diferentes confissões religiosas. É importante avaliar o sentido de pertença e a mobilidade religiosa que atinge o interior de cada confissão, refletir sobre a capacidade de agregar e formar pessoas, nas diferentes etapas da vida. Também é essencial analisar e compreender a importância de cada instituição na configuração de uma sociedade melhor, na formação de uma consciência cidadã. O compromisso com uma conduta pessoal, social e política, que sustente e promova uma sociedade mais ancorada na justiça e na solidariedade é central na avaliação da fé cristã e de sua autenticidade.
As estatísticas são de grande importância para análises e interpretações qualitativas capazes de contribuir para que a vivência na confissão religiosa configure uma mudança na vida pessoal, social e política, estimulando um entendimento mais adequado da significação da fé em Deus. Em questão, por exemplo, está um entendimento equivocado da fé cristã, até com força de atração por despertar interesses imediatos, como é o caso da compreensão de Deus como um sujeito de barganha ou um milagreiro. Nesse caso, um milagreiro que está à disposição e à mercê do que se entende, erroneamente, como vivência da fé. Um grave equívoco que leva ao absurdo de interligar oferta em dinheiro e a condição para se receber o milagre esperado. Trata-se de um viés situado na chamada teologia da prosperidade que, lamentavelmente, leva a explorações e a verdadeiros desvios, usufruindo das necessidades prementes de saúde e de sucesso.
Essa compreensão sustenta explicações também inadequadas, como a de que alguém não conseguiu um milagre ou uma benção por ser fraco na fé, entendendo a fé como uma força que tem sua fonte na própria pessoa, em detrimento do intocável sentido de obediência à vontade de Deus. Esse é apenas um exemplo para sublinhar que o Censo com suas pertinentes estatísticas deve instigar um processo interpretativo e de avaliação quanto ao papel da confissão religiosa na vida das pessoas e no tecido da sociedade, sem que se possa dispensá-la de sua importante contribuição sociocultural. Nesse horizonte, a Conferência Nacional doa Bispos do Brasil (CNBB), no dia em que o IBGE divulgou o Censo 2010, apresentou resultados de um estudo produzido pelo Centro de Estatísticas Religiosas e Investigação Social (CERIS) - entidade brasileira de pesquisa religiosa fundada pela própria CNBB. Esse trabalho mostra que a Igreja Católica não apenas continua majoritária na sociedade brasileira, reunindo 64,6% da população, como também cresceu vertiginosamente em número de paróquias e dioceses, vocações, na efervescência de novos movimentos eclesiais e nos investimentos na rede de comunidades. Nessa mesma perspectiva de reflexão e avaliação qualitativa, a partir dos números, a Arquidiocese de Belo Horizonte, considerando as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, a convocação para pensar e agir no horizonte de uma Nova Evangelização, está vivendo o processo da sua IV Assembleia do Povo de Deus. É hora de avaliar, rever e ousar, por uma escuta qualificada, pelo compromisso de consolidar a tarefa insubstituível que a Igreja Católica tem no tecido cultural e sociopolítico, na alegria de anunciar o Evangelho do Reino.

* Dom Walmor Oliveira de Azevedo é 
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
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Cultura


Os vencedores da terceira edição do International Catholic Film Festival
Ontem, no Museu do Vaticano, a cerimônia de premiação
ROMA, sexta-feira, 06 de julho de 2012(ZENIT.org) – Ontem a noite, no Cortile Ottagono dos Museus do Vaticano, aconteceu a cerimônia de premiação da terceira edição do Mirabile Dictu - International Catholic Film Festival, idealizada pela diretora, prdutora e editora Liana Marabini.
A noite foi conduzida pelo jornalista e escritor Armando Torno e contou com a participação especial do cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, dicastério que apoiou o Festival.
Estes foram os vencedores da III edição, decretados pelo júri presidido por Remo Girone:
Melhor Filme:
Churchmen (Francia) di Rodolphe Tissot / Zadig Productions
Melhor ator protagonista:
Andy Garcia (For Greater Glory, The True Story of Cristiada – Messico/USA)
 Melhor Diretor:
Immacolata Hoces (A Song)
Melhor Curta-Metragem:
On the Road to Tel Aviv (Israel) di Ken Shalem
Melhor documentário:
Cercando le 7 chiavi di Antonio Gaudí (Italia) di Massimiliano Manservigi
Além disso foram atribuidos:
Prêmio especial da Capax Dei Foundation por obra prima ao filme “Hay mucha gente buena” (Spagna) de Antonio Cuadri
Prêmio especial do Júri Jovem para uma obra juvenil ao filme  “The War of the Vandée” (USA) di Jim Morlino / Navis Pictures.
Ao final foi entregue o prêmio pela carreira ao ator e cineasta francês Robert Hossein, que recordou o período vivido a Roma, na Via Margutta, próximo a Fellini, e os três anos que trabalhou com Sordi, Manfredi, Tognazzi, Mastroianni, Claudia Cardinale, Sophia Loren, Virna Lisi.
MEM
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Mundo


Bolívia: Bispos condenam a violência
Manifestações em prol de território indígena têm causado conflitos
LA PAZ, sexta-feira, 6 de julho de 2012 (ZENIT.org) - Os bispos da Bolívia divulgaram um comunicado em que condenam a violência nas manifestações em defesa do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Secure (TIPNIS).
A Secretaria Geral da Conferência Episcopal Boliviana, “assim como toda a população boliviana, vê com profunda preocupação e indignação a situação de enfrentamento entre irmãos na comunidade de Mallku Khuta, assim como a repressão exercida pelas forças da ordem contra a vigília dos manifestantes em defesa do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Secure (TIPNIS), muitos deles mulheres e crianças, como é de conhecimento público”.
Em reiteradas ocasiões, “a Igreja Católica condenou o uso da violência por considerá-la inútil e contrária à dignidade de toda pessoa e ao exercício dos seus direitos fundamentais. A violência nunca contribuiu para a solução de nenhum problema e constitui um grave atentado contra a vida, que é dom sagrado de Deus”.
“Um diálogo responsável não deve se restringir a uma só maneira de ver e de entender os acontecimentos. A natureza do diálogo pressupõe abertura e renúncia a posturas inflexíveis, assim como a coexistência, a disposição de ouvir e o respeito recíproco de visões e propostas como meio idôneo para se obterem as soluções desejadas, a serviço da dignidade das pessoas e do bem comum de toda a sociedade”.
Em nome da Igreja boliviana, o comunicado enfatiza: “Condenamos veementemente os atos de violência registrados nos últimos dias e exigimos mais uma vez das autoridades responsáveis e dos setores envolvidos um verdadeiro diálogo que leve em conta todos os pontos de vista sobre uma determinada problemática, evitando medidas que dividam as comunidades, o enfrentamento entre irmãos e as desqualificações mútuas”.
O texto termina expressando “a nossa viva solidariedade para com as vítimas destes atos de violência, pois o seu sofrimento não nos é indiferente. 'Bem-aventurados aqueles que choram, porque serão consolados'. Que o Senhor da Vida ilumine os nossos governantes e dirigentes sociais e torne possíveis melhores dias de entendimento, justiça social, respeito e convivência pacífica para todos os bolivianos”.
(Trad.ZENIT)
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Em foco


Nasce no Egito a "Irmandade Cristã"
União das minorias é alternativa ao extremismo
Valentina Colombo
ROMA, sexta-feira, 6 de julho de 2012 (ZENIT.org) - Como lema, "O amor pelo Egito é a solução", e como logotipo, dois ramos de oliveira que se cruzam, em vez de duas espadas. Em outras palavras, a Irmandade Cristã no lugar da Irmandade Muçulmana. É uma ideia que tem circulado há vários anos, ficou mais forte no período pós-revolucionário e está prestes a se tornar realidade, após a eleição para presidente de Mohammed Morsi, que parece ter marcado o fim do sonho de um estado livre no Egito.
E é justamente este o principal motivo que levou Michel Fahmy, Amir Iyad e Mamduh Nakhla a lançar um movimento que deverá agir nos âmbitos político, social e judiciário em favor dos cristãos do país.
Amir Ayad declarou ao jornal al-Yom al-Sabi’ que um dos primeiros passos será “unir as vozes e apoiar a presença dos coptas, a língua copta de forma oficial, porque, depois da queda do estado civil, foram derrotadas as correntes civis que não conseguiram se opor ao avanço religioso ao poder e surgiram movimentos extremistas, como a Associação para a Promoção do Bem e para a Proibição do Mal. Acreditamos que os egípcios têm todas as ferramentas e o direito de formar estruturas para se contraporem a esses eventos”.
A escolha do nome é significativa. A idéia é imitar o método de ação da Irmandade Muçulmana, em particular a ideia de começar de baixo e ser um movimento popular.
Ayad também deixou bem destacadas as diferenças. A Irmandade Cristã se propõe a combater o flagelo do analfabetismo, da ignorância e da pobreza, mas pretende ainda melhorar a economia egípcia através do turismo e, sobretudo, lutar contra a intolerância e em prol do mais alto valor da cidadania.
Apesar de ser um movimento com raízes e valores religiosos, portanto, os “Irmãos Cristãos” põem em primeiro lugar o fato de pertencerem a uma nação em cujo seio não deve haver nenhuma discriminação por motivos religiosos.
Dois outros pontos que a Irmandade Muçulmana esclareceu têm relação com o seu financiamento, que virá dos próprios membros, e com a sua orientação, que não terá um "líder supremo", em contraste com a Irmandade Muçulmana.
Os Irmãos Cristãos também explicaram que não possuem nenhuma ligação oficial com a Igreja Copta e ressaltaram que, para eles, a igreja é simplesmente o lugar onde vão orar.
Este esclarecimento não é casual. Poucos dias depois da eleição do novo presidente egípcio, o papa copta Anba Pacômio visitou Mohammed Morsi acompanhado de uma delegação, confirmando a política oficial da Igreja Copta de colaborar com quem quer que esteja no poder, na esperança de sobreviver. Neste contexto, a Igreja Copta mostrou muita desconfiança na “estreia política” de uma nova estrutura de matriz religiosa.
Para dissipar qualquer dúvida, os próprios fundadores da Irmandade se definem como ativistas que lutarão em todas as frentes para que os coptas, e não apenas eles, se tornem cidadãos egípcios de pleno direito e não sejam engolidos pela onda de integralismo islâmico que conquistou o cargo supremo do país.
Sua intenção é estabelecer uma rede de pessoas que, antes de pensar nas eleições e no poder, se ocupem do bem-estar dos cidadãos e coibam todas as formas de intolerância e de violência.
Seria desejável, neste sentido, uma aliança ou, pelo menos, uma ação conjunta com o grupo da "Terceira Opção", composta por partidos liberais e laicos que, no último 23 de junho, anunciaram que adotarão uma postura em prol de um Estado civil e moderno. Igualmente desejável seria a colaboração com as associações femininas que todos os dias combatem a crescente discriminação contra as mulheres no Egito.
É importante a lúcida declaração de Michel Fahmi ao canal de televisão por satélite Al Arabiya: “A nossa ação pretende ajudar os egípcios, muçulmanos e cristãos, a desenvolver as qualidades que os levem a ser cidadãos ativos. Por exemplo, 34% das famílias egípcias é mantida pelo trabalho das mulheres. Por este motivo, o empoderamento das mulheres é de extrema importância”.
Como escreveu faz alguns meses o intelectual copta Kamal Ghobrial, “se as minorias de coptas, leigos, liberais e mulheres se unissem numa frente comum, virariam maioria. E o extremismo islâmico talvez acabasse relegado a um canto”.
Para conseguir este cenário, as minorias precisam deixar de lado os egos e ideologias que sempre as caracterizaram. Os Irmãos Cristãos parecem ter começado com boas intenções. Esperamos que eles saibam catalisar os coptas e dialogar construtivamente com os outros, especialmente com as vítimas do extremismo islâmico.
(Trad.ZENIT)
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Está chegando o Seminário Nacional Juventude e Bioética, promovido pela CNBB
Entrevista com a Dra. Cláudia M. C. Batista, uma das pelastrantes do evento
Por Thácio Siqueira
BRASILIA, sexta-feira, 6 de Julho de 2012 (ZENIT.org) - Hoje, sexta-feira, é o último dia para inscrever-se no Seminário Nacional Juventude e Bioética, promovido pela CNBB. Para fazer a inscrição no seminário acesse: http://www.jovensconectados.org.br/seminario-bioetica
De acordo com o comitê organizador as principais publicações de apoio, aprofundamento e formação em bioética sugeridos para os temas que o seminário abordará são: Questões de Bioética, Estudos da CNBB n. 98, Edições da CNBB; A Dignidade da Vida Humana e as Biotecnologias, Brasília: Edições da CNBB, 2005.
Já às vésperas do Seminário, ZENIT entrevistou uma das especialistas que estará na mesa de palestrantes do evento, a professora-adjunta da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), Dra. Cláudia Maria de Castro Batista, pós doutorado na Universidade de Toronto.
Publicamos a entrevista na íntegra:
ZENIT: Por que a senhora está num seminário de bioética? Qual é a sua relação com a área? Qual será a sua contribuição nesse seminário?
Dra. Claudia: Fui convidada pala Dra. Lenise Garcia que também participará deste Seminário. Desde o julgamento da ADIN contra a Lei de Biossegurança aprovada em 2005 comecei a me interessar pela área. Nesta época acabava de retornar ao país após um postdoc na Universidade de Toronto (onde me especializei em biologia das células tronco) e o então Procurador Geral da República, Dr. Claudio Fonteles convidou-me para participar do debate público no STF sobre as pesquisas com células tronco embrionárias humanas.
Minha contribuição nesse seminário seria propiciar o debate que envolve o avanço da Ciência e a proposta de novas técnicas na área da Biotecnologia que devem se conciliar com o fato de que a vida humana é um direito fundamental. Pretendo mostrar um pouco o atual estado da arte nas Pesquisas com Células Tronco,  o seu objeto de estudo e a importância na Medicina Regenerativa, e fazer uma rápida análise bioética sobre a manipulação celular, de gametas e embriões humanos nestas pesquisas que se levam a cabo.
ZENIT: Esse seminário está destinado a qual público?
Dra. Claudia: Está voltado para o público em geral mas especialmente aos jovens e líderes como preparação para a Jornada Mundial da Juventude em 2013.
ZENIT: Alguém que não tem formação médica tem capacidade para entender as questões bioéticas?
Dra. Claudia: Sim. Acredito que um bioeticista tem que ter uma boa formação antropológica, filosófica e estar interado das questões biomédicas quanto à ética nas pesquisas e aos procedimentos em pacientes que, como seres humanos, devem respeitar e valorizar cada pessoa humana como um todo.
ZENIT: Na sua opinião, quais são os principais problemas que a bioética afronta no Brasil?
Dra. Claudia: Em termos de Ciência e Biotecnologia, aqui chegam os problemas já enfrentados no resto do mundo, principalmente a pesquisa envolvendo embriões humanos e as técnicas de fertilização assistida. No campo da saúde pública há ainda toda uma escola com princípios onde o ético seria “o bem comum social”, valorizando o coletivo acima do pessoal, o que leva a inúmeros erros, ou ainda uma ética utilitarista onde tudo se justifica em favor do coletivo.
ZENIT: A bioética é algo propriamente e exclusivamente da Igreja Católica? É algo só do dogma católico, que diz que é proibido matar, discriminar... ou é algo humano, racional?
Dra. Claudia: Não é algo católico nem criado por católicos.  O termo Bioética começou a ser usado amplamente a partir do livro lançado em 1971, "Bioética: Ponte para o Futuro", do biólogo e oncologista americano Van R. Potter. Nasceu da necessidade de se deslocar a discussão acerca dos novos problemas impostos pelo desenvolvimento tecnológico, de um viés mais tecnicista para um caminho mais pautado pelo humanismo, superando a dicotomia entre os fatos explicáveis pela ciência e os valores estudáveis pela ética.
ZENIT: Por que devemos respeitar o embrião humano?
Dra. Claudia: Penso que há um consenso quando se pensa que se deve respeitar todo e qualquer ser humano a partir do primeiro momento da sua existência. A discussão hoje é questionar que momento é este, embora a embriologia tenha desde o século XIX demonstrado com muita segurança o momento da fecundação como o marco para o início do desenvolvimento de um novo indivíduo da espécie humana. É importante ressaltar que esta questão nunca havia sido levantada até que se começou o congelamento de embriões em clínicas de fertilização assistida. Estes embriões, criados com a única finalidade de procriação, foram sendo acumulados e, na procura de um destino para eles, aventou-se a possibilidade de utilizá-los para pesquisas. O embrião humano nunca foi e nunca será um material biológico trivial.
ZENIT: Algumas pessoas acusam os católicos de se preocuparem muito com as vidas delas, com os "seus" úteros, com os "seus" filhos, etc. Realmente a Igreja católica tem o interesse de "infernizar" as pessoas com os seus dogmas e doutrinas? Ou toda reflexão bioética é para um melhor desenvolvimento e progresso da sociedade?
Dra. Claudia: O valor da vida humana é um valor universal, não depende do tempo nem da cultura de um grupo social. A reflexão bioética se faz necessária quando, por exemplo, não está claro para legisladores e cientistas, que o progresso da ciência em si não justifica qualquer procedimento, mesmo que este traga benefícios futuros para a coletividade. É fundamental ter como princípio o benefício também para o embrião, uma vez que este é primeiramente um ser humano e não apenas material biológico.
ZENIT: Há hospitais no Brasil que "fabricam" o filho que a pessoa quiser ter, com a cor dos olhos, da pele, o sexo, etc... porém, fazem isso à custa da morte de vários embriões. Se o embrião é um bebê no estágio inicial, não será uma monstruosidade o que fazem nesses hospitais?
Dra. Claudia: Daí a absoluta necessidade de formar a opinião pública no sentido de reconhecer que não há outros marcos no desenvolvimento além do momento da fecundação. Qualquer outro evento apontado é aleatório. Por exemplo, o aparecimento do sistema nervoso. Não existe um momento ou evento único que marque o aparecimento do sistema nervoso ou do cérebro. Para que o primórdio deste surja são necessárias no mínimo duas semanas. Portanto, respeita-se a vida humana a partir da fecundação ou não a respeitaremos nunca. 
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Entrevistas


Superar o orgulho humano: Anunciar Cristo
Entrevista com o cardeal Jorge Urosa, arcebispo de Caracas
Por Jose Antonio Varela Vidal
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 06 de julho de 2012(ZENIT.org) – Nestes dias o Conselho dos Cardeais encarregado de tratar dos assuntos econômicos da Santa Sé, esteve reunido para receber informações sobre a situação financeira do Vaticano. Dentre os presentes estava o cardeal Jorge Urosa, arcebispo de Caracas, que conversou com ZENIT sobre este importante encontro e os desafios pastorais e políticos de seu país.
O que trouxe o senhor a Roma?
Card.Urosa: Vim para a reunião do Conselho dos Cardeais para os assuntos administrativos e econômicos da Santa Sé. Tivemos um encontro muito intenso com a participação de quinze cardeais, com ótimas informações sobre o andamento dos assuntos do Vaticano. Estou muito satisfeito com este encontro.
Se o senhor está satisfeito com as informações recebidas, então, podemos ficar tranquilos...
Card.Urosa: As contas vão bem, com altos e baixos, mas felizmente existe uma boa atitude para o controle, a precisão, de uma administração justa que leva em conta o caráter diria até sagrado dos fundos administrados. Aprecio muito o trabalho seja da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, seja do Governo e da Prefeitura do Vaticano. Além disso, é uma grande cortesia do Vaticano convocar este encontro e pedir a nossa opinião. Podemos dizer que as coisas estão andando bem, em meio a uma crise econômica global, por mérito da competência e da dedicação de quem está à frente destas instituições.
Qual é o seu parecer sobre a carta do Papa ratificando sua confiança ao Cardeal Bertone?
Card.Urosa: Acredito que seja muito importante, pois é uma demonstração de apoio e confiança do Santo Padre ao Cardeal Secretário de Estado, em meio às vozes que especulavam sobre isto, buscando prejudicar o andamento interno da Santa Sé, e que consideramos absolutamente infundadas.
Parece prejudicar também o andamento externo, não?
Card.Urosa: Eu já expressei minha solidariedade ao Papa e ao Vaticano. Acredito que querem afetar a credibilidade e a imagem da Igreja, mas graças a Deus as coisas estão andando bem. É evidente que são especulações sem fundamento, que buscam denegrir a reputação da Igreja em um mundo movido pela inveja e por desejos que não correspondem ao que é a real experiência de comunhão eclesial da Santa Sé.
Olhando para a Venezuela, qual é a maior preocupação hoje?
Card.Urosa: Estamos preocupados com a tendência ao secularismo, ao consumismo, ao hedonismo, ao materialismo e ao relativismo presente sobretudo no mundo ocidental e que estão atacando a vida de fé. Pensamos que, os esforços do Santo Padre de proclamar o ano da fé e da nova evangelização, dão um novo impulso a esta tarefa essencial para a Igreja, especialmente para os bispos e sacerdotes.
É necessário enfrentar com muito entusiasmo o desafio de anunciar Jesus Cristo ao mundo como o verdadeiro Salvador, porque a salvação não vem do dinheiro, do sexo ou do poder, nem menos do orgulho humano, mas de Deus que enviou Seu único Filho para nos dar as respostas justas aos questionamentos da existência humana: quem é o homem, para onde vamos, o que é a felicidade?
Os bispos da América Latina tiveram algum progresso depois de Aparecida?
Card.Urosa: Estamos muito comprometidos com a Nova Evangelização desde quando o papa João Paulo II lançou o desafio em 1983, e depois com a iniciativa de Aparecida de lançar uma missão evangelizadora continental.
Os bispos da Venezuela acolheram estas iniciativas com muita força e estão trabalhando especificamente em cada diocese. Dedicamos três anos, em Caracas, em uma intensa evangelização da Missão Continental; como resultado desta atividade preparamos um novo plano pastoral conjunto que lançaremos até o final do ano. Estamos trabalhando dramente nesta linha porque percebemos uma realidade que nos interpela sobre a problemática já citada do secularismo e, em Caracas particularmente, com o problema da escassez de sacerdotes, que faz com que muitas pessoas– mesmo batizadas – não conheçam Jesus Cristo ou não conheçam bem a sua fé.
Existe uma realidade crescente em muitos países latino americanos que é a “Santeria”. O que é preciso fazer?
Card.Urosa: A “Santeria” é uma resposta ao desejo de Deus das pessoas que não tiveram contato com o Evangelho de Cristo. Nestes últimos anos, na Venezuela, verificou-se um forte crescimento de tal realidade, exatamente por causa da falta de conhecimento da fé.
A resposta para este fenômeno deve ser apresentar Jesus como nosso Salvador, o único capaz de satisfazer as exigências e questionamentos que o ser humano tem no próprio coração. A “Santeria” irá parar de crescer quando realizarmos nosso trabalho de evangelização.
(A segunda parte da entrevista será publicada na segunda-feira 09 de julho).
(Trad.MEM)

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