A IGREJA EM MISSÃO

"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15). O pedido de Jesus ainda hoje é tarefa dos batizados
Segundo a Fides, o mundo possui 7 bilhões de pessoas e 5 bilhões desconhecem Jesus. A Igreja Católica se configurou, ao longo da história, como uma das principais instituições do mundo, mas apesar de toda essa influência, há lugares em que a presença da Igreja ainda não é permitida, em virtude do sistema de governo local não admitir o cristianismo ou porque tais regimes são autoritários e a liberdade religiosa ainda não faz parte da realidade nacional. Além de tentarem mudar esse contexto, missionários católicos levam em frente missões em lugares onde é grande a miséria, como em muitos países da África, ou onde seres humanos são vítimas de injustiças sociais. A Igreja que adquiriu muitos mártires, principalmente entre os séculos I e IV, ainda hoje conta com missionários dispostos a dar a vida em nome da fé que professam. João Paulo II ensinou, na Encíclica Redemptoris Missio, que a missão "é um problema de fé". Ou seja, se a missão está fraca, significa que a fé também está. 
Muitos não sabem, mas ainda hoje, missionários morrem em nome da fé em Jesus Cristo. Não foi apenas no período de vigência do Império Romano, especificamente entre os séculos I e IV, que milhares de cristãos foram assassinados porque lutavam contra sistemas que tentavam impedir a profissão da fé em Jesus Cristo. Ainda hoje pessoas morrem vítimas da intolerância ao cristianismo. Os recentes atentado na Nigéria, na Síria e na Índia, são um exemplo disso. Em lugares como esses, os cristãos sofrem discriminação e são, às vezes, impedidos de professar a fé.
Nos cinco países onde hoje, 2012, a perseguição aos cristãos é maior – Coréia do Norte, Afeganistão, Arábia Saudita, Somália e Irã - há muitos missionários com o objetivo de levar a Palavra de Deus a esse povo. Segundo a Congregação pela Evangelização dos Povos, responsável pelas ações missionárias em todo o mundo, uma média de vinte e cinco a trinta missionários morre por ano tentando anunciar as verdades cristãs ou com o objetivo de dar uma vida mais digna a pessoas que sofrem. Hoje, o Conselho Missionário Nacional (COMINA) é um exemplo de articulação da Igreja do Brasil para marcar a sua presença no mundo com ações missionárias. 
As autoridades norte-coreanas são as que mais perseguem e matam brutalmente cristãos. Eles são espancados, presos, torturados ou mortos por causa da crença religiosa. Essas práticas de violência também ocorrem na República das Maldivas, em Butão, Iêmen, Laos, Uzbesquistão e China. Com base nisso e em outras razões, o Conselho Missionário Nacional (COMINA) foi criado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nos anos 70. O órgão é constituído por grupos de pessoas que têm como objetivo animar a missão universal na Igreja local e despertar nos cristãos a atitude de cooperação material, espiritual e vocacional para com os missionários além-fronteiras.
Já os Conselhos Missionários Diocesanos (COMIDIs), uma ramificação do COMINA, organizam o outubro missionário nas paróquias, acompanham projetos missionários e, em parceria com as pastorais, acompanham, apoiam e implantam a Infância e Adolescência Missionária (IAM), bem como a Juventude Missionária (JM). A IAM trabalha o protagonismo missionário infantil - "criança ajudando e evangelizando criança" -, com o horizonte da missão universal. Já a JM, surgiu no Brasil em 2005, a partir de uma iniciativa dos adolescentes brasileiros que se tornaram jovens e queriam continuar o espírito da Infância e Adolescência Missionária na juventude.
Belém - "Toda igreja local deve ter o COMIDI e realizar ações missionárias", explica a assessora responsável pela comunicação do COMIDI Belém e incumbida de divulgar as ações do órgão, Joserlina Maués. O COMIDI de Belém está vinculado à Arquidiocese de Belém e articula o trabalho da Infância e Adolescência Missionária nas paróquias locais. Além disso, os missionários participam de missões em outros países. Segundo Joserlina, a equipe de missionários é composta por 10 membros e a sede do COMIDI Belém fica no prédio da Cúria Metropolitana, no centro da capital, na Avenida Governador José Malcher.
Segundo o coordenador do COMIDI Belém, Padre André Gamba, a Igreja sempre precisa de mais missionários. "Infelizmente, não chega nem a trinta o número de missionários paraenses", explica a integrante do COMIDI e animadora da IAM Arquidiocesana, Dinalva Pinto. Ela está se preparando para, em breve, partir em missão para a África e está disposta a "largar tudo para ajudar os irmãos que precisam". Ela esclarece que o COMIDI planeja contar, daqui a um tempo, com padrinhos e colaboradores dispostos a custear as despesas com viagens e estadia de missionários nos outros países. "Os missionários passam temporadas lá de seis meses, um ano ou mais, dependendo da duração do projeto", informa.
O trabalho missionário visa muito o leigo, em virtude da necessidade de partir para a missão nos lugares onde for preciso a atuação da Igreja. Mas há casos em que toda a família se envolve na missão e o grupo familiar passa a dedicar a vida às causas missionárias. Além desses, o COMIDI conta com a colaboração de padres, freiras, médicos, professores, entre outros, chamados a "encarar a missão na sua própria vocação", como explica Joserlina. O professor paraense de Geografia, Francisco Batista, é membro do COMIDI Belém e participa da Comissão Justiça e Paz, da CNBB. Ele partiu em missão para Moçambique, na África, em 2010. Após ter passado um ano lá, o servidor público já pensa em voltar. Já em Cuamba, também na África, a professora paraense de Língua Portuguesa, Raimunda Soares, 51, está alfabetizando crianças e ajudando a preservar a cultura local e a oralidade. De acordo com o censo 2007, 75% das mulheres (a maioria) são analfabetas, especilamente na zona rural. Além disso, mais de 44% das crianças abaixo dos cinco anos são raquíticas devido à inadequada dieta e cuidados de saúde, e cerca de 18% das crianças têm baixo peso, tendo as crianças das zonas rurais duas vezes baixo peso que as que vivem nas zonas urbanas.
Dimensões missionárias - As obras missionárias da Igreja estão divididas em dimensão mundial, nacional, regional, arquidiocesana e paroquial. Há o Conselho Missionário Nacional (COMINA), formado pelos Conselhos Missionários Regionais (COMIREs), que por sua vez, contam com os representantes dos Conselhos Missionários Diocesanos (COMIDIs). O COMIDI Belém é representado pelo seu coordenador, Padre André Gamba. Já os Conselhos Missionários Paroquiais (COMIPAs) atuam com obras missionárias a nível paroquial. Em Belém, nenhuma paróquia tem o COMIPA, em virtude da ação missionária da Arquidiocese ocorrer por meio do projeto Belém em Missão. "Todas as paróquias deveriam ter o COMIPA ou missionários atuando no COMIDI local", diz Joserlina. Na Arquidiocese de Belém, as paróquias São José de Queluz (Canudos), N. S. das Graças (Ananindeua), N. S. do Ó (Mosqueiro), e diversas outras, por exemplo, possuem a Infância e Adolescência Missionária, que é uma ação do COMIDI.
África - Moçambique, na África, é um país extremamente pobre e precisa de gestos como o do professor paraense de Geografia, Francisco. Para se ter uma noção da grandiosidade da pobreza local, um real do Brasil equivale a R$ 15,00 lá. Nesse país, gestos que parecem ser simples podem ajudar a salvar vidas. "Nós tomamos conhecimento, por exemplo, de uma mulher leiteira que atualmente está amamentando 12 crianças órfãs lá", explica Joserlina. "A África é muito pobre e precisa muito de nós", diz. Segundo ela, muitas vezes as pessoas questionam o fato dos missionários partirem em missão para outros países enquanto ocorrerem, no Brasil, os mesmos problemas. Ela ensina, então, a estas pessoas o seguinte: "nós, aqui, pelo menos ainda temos a Igreja presente. Lá nos outros países, a Igreja é impedida de se pronunciar. Aqui nós ainda temos como conseguir comida, mas em certos países da África, a miséria é extrema". Também há muitos missionários em Papua-Nova Guiné, um país da Oceania. Em Lichinga, uma cidade moçambicana, um projeto missionário foi assumido por regionais da CNBB em cooperação com toda a Igreja e forças missionárias do Brasil, entre elas, o COMIDI Belém.
História - Em meados do século II, não era difícil encontrar grupos tentando apedrejar os cristãos, incentivados, muitas vezes, por seitas rivais. Na perseguição iniciada com o Império Romano, além de controlar muitas das terras onde o cristianismo conseguiu chegar, os imperadores viam o cristianismo como uma seita. A perseguição teve fim com a legalização da religião cristã por Constantino I, no início do século IV, mas nos últimos séculos os cristãos também foram perseguidos por outros grupos religiosos, como muçulmanos e hindus, e por Estados ateístas como Paquistão, Arábia Saudita, Iraque e China. As perseguições também ocorrem em países como Irã, Uzbequistão, Maldivas, Cuba e Eritreia. A Bíblia também relata que os cristãos primitivos sofreram perseguição nas mãos das lideranças judaicas de seu tempo, começando pelo próprio Jesus Cristo.
Dados
Como de costume, todos os anos, a Agência Fides publicou, no dia 30 de novembro de 2011, a lista de agentes pastorais que perderam suas vidas violentamente ao longo dos últimos 12 meses. De acordo com as informações recolhidas no ano 2011, foram mortos 26 missionários, um a mais que no ano passado - 18 sacerdotes, 4 religiosos e 4 leigos. No terceiro ano consecutivo, com um número extremamente elevado de missionários mortos, figuram por continente 15 na América (13 sacerdotes e 2 leigos); 6 na África (2 agentes de pastoral, 3 religiosos sacerdotes e 1 leigo);   4 na Ásia (2 sacerdotes, 1 religioso e 1 secular), e 1 sacerdote na Europa.
Expo Missionária 2012
Essa exposição, realizada pelo COMIDI Belém, surgiu em setembro de 2011, com o objetivo de expor as obras missionárias e motivar a colaboração dos fiéis. No período de 1 a 6 de maio, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Belém, e no período de 8 a 13 do mesmo mês, na Paróquia Santa Paula Francinetti. De 12 a 15 de julho, a exposição chega a Palmas, estado do Tocantins.
Serviço
A sede do COMIDI Belém funciona na Cúria Metropolitana (Av. Gov. José Malcher, 915 - Nazaré. As reuniões ocorrem na segunda terça-feira de cada mês, na Paróquia Santa Cruz, às 19h. Os interessados em participar ou ajudar, podem ligar para 91020602 (Pe. André Gamba)/ 81256244 (Joserlina Maués).
JORNAL VOZ DE NAZARÉ - BELEM - PARÁ - Edição de DE 20 A 26 DE ABRIL DE 2012  

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