NOTICIAS ZENIT

CRUZ PEREGRINA – Rumo ao rio 2013


A juventude olha para a Cruz da JMJ como sinal de amor de Deus por nós
Entrevista com o Coordenador Nacional da Peregrinação dos Ícones da JMJ no Brasil, Padre Antonio Ramos Prado, sdb
FORTALEZA, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT) – Pe. Antonio Ramos do Prado, sdb, conhecido como padre Toninho, concedeu mais uma entrevista a ZENIT sobre a relação da Cruz da JMJ com a Juventude.
No dia 11 de maio Pe. Toninho concedeu à ZENIT uma entrevista explicando como é que o Brasil está acolhendo os Símbolos que peregrinam pelas diversas dioceses. Para acessar à entrevista clique nesse link: http://www.zenit.org/article-30289?l=portuguese
Padre Toninho é assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB e Coordenador Nacional da Peregrinação dos Ícones da JMJ no Brasil.
Quem são os jovens que têm contato com a Cruz da JMJ?
Pe. Toninho: São jovens de todas as classes sociais. Jovens do Campo e da Cidade. Jovens das pastorais da juventude que vivem o seu ministério nas comunidades rurais, nos meios populares, no mundo estudantil, nas comunidades de base em nossas paróquias do Brasil. São jovens de Movimentos, de Novas Comunidades, do mundo universitário e das Congregações que têm carisma voltado para a Evangelização da juventude.
Que olhares os jovens tem para com Cruz da JMJ?
Pe. Toninho: Muitos olham pedindo a Deus libertação. Por exemplo, quando a Cruz passa na prisão os jovens presos pedem a Deus libertação da cadeia. Quando o jovem é desempregado pede a Deus emprego, quando é dependente químico pede a Deus cura, quando vai mal na escola pede a Deus que melhore... outros olhares são de piedade e agradecimento. Alguns procuram olhar a Cruz, entender o sofrimento de Cristo. Mas muitos olham a Cruz  como sinal do Amor de Deus por nós. Com esperança, pois Cristo vive. O olhar mais comovente que vi foi um jovem na prisão pedindo para Deus curar a mãe que estava com câncer. Enfim, os olhares sempre buscam a misericórdia de Deus.
A Cruz da JMJ pode converter alguém?
Pe. Toninho: Sim. Quando a Cruz passa no meio da multidão, muitas pessoas que não creem procuram saber porque a juventude anda atrás de uma Cruz de madeira. Então ela começa a buscar respostas às suas inquietações. Um jovem da Universidade de Teresina-Piauí, no calor de um debate entre fé x razão, questionou a existência de Deus. Porém, num determinado momento quando os jovens daquela arquidiocese entraram no salão de debate com a Cruz e cantando a música “no peito eu levo uma cruz” ele mudou de opinião, pois nesse momento ele acreditou que a Fé vai além da razão.
O que se espera com a passagem da Cruz da JMJ no Brasil?
Pe. Toninho: Que ela ajude a juventude a fortalecer a Fé e principalmente a viver intensamento a proposta do Documento de Aparecida, ou seja, serem verdadeiros díscípulos de Cristo e autênticos missionários. Esperamos que a Cruz ajude os jovens a reafirmar sua opção fundamental por Cristo e pela Igreja. Ajude os jovens fazer seu projeto de vida e pautar seu caminho através do mesmo. Ajude os jovens a não perderem de vista a ternura de Deus.
Um legado especial que a Cruz poderia provocar nos jovens?
Pe. Toninho: O índice de mortalidade juvenil no Brasil têm crescido cada ano. O legado importante seria que os jovens que estão seguindo a Cruz fossem evangelizadores de outros jovens para eles tenham vida em abundância.  
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Homens e Mulheres de Fé


Síria:oração e jejum no inferno da guerra
A experiência de um sacerdote católico
ROMA, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org) - Em meio a massacres, estupros, tiroteios, sequestros e vinganças, uma pequena chama de fé e de amor se acendeu na cidade de Qusayr, perto de Homs, na Síria, um dos lugares onde a guerra explodiu com mais violência.
Segundo a agência Fides, através de fontes locais, um sacerdote católico que prefere manter o anonimato se estabeleceu na cidade, em uma casa paroquial, para fazer uma experiência de oração contínua e de jejum, implorando a Deus pela paz e pela reconciliação.
Exatamente “no inferno”, a presença do sacerdote, como explica o próprio, quer ser um “claro sinal da não violência, um testemunho de fé e de amor pelo povo sírio”. Ser “sinal de contradição” será uma experiência que os fiéis de todas as religiões poderão compreender, já que “as armas da oração e do jejum são importantes no cristianismo e no islã”. O padre pretende “recordar a todos os homens, que estão lutando e matando, que a única fonte de esperança é Deus: o Deus da vida, o Deus da paz, o Deus da reconciliação, que nos torna irmãos e não inimigos” comenta.
As fontes da Fides não excluem que, com a experiência do padre se difundindo pela cidade, cristãos e muçulmanos se juntem a ele, apesar dos perigos, e que na cidade devastada pelos conflitos se acenda uma nova luz de esperança para a Síria, graças a homens e mulheres que rejeitam o ódio e escolhem a não violência em nome da sua fé.
A religião e a fé são componentes importantes da vida e da identidade do povo sírio. Nestas horas de brutalidade, completam as fontes da agência, “é necessário apoiar-se no espiritual, que dá ao homem a sua verdadeira dimensão, a sua verdadeira dignidade”.  
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Cultura


O significado humanístico da ciência
Faz sentido uma ficção científica anti-científica?
Antonio Scacco
ROMA, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org) - A ciência, nas suas ramificações como a astronomia, a física, a geografia e tantas outras, nunca deixou de interessar, ao longo dos séculos, a poetas e escritores, que a partir dela compuseram vasta gama de obras didáticas e protrépticas.
Quem poderia esquecer o De rerum natura, de Lucrécio, onde os "foedera naturae" (a ciência epicurista) e a "callida Musa" (a poesia) são indissociáveis? E, antes do poema de Lucrécio, os Fenômenos, de Arato, obra imitadíssima durante a antiguidade, que teve a honra de receber comentários científicos dos astrônomos famosos do passado?
Esta relação entre a ciência e a literatura se torna ainda mais estreita com a ficção científica. Michel Butor afirmava que o que distingue a ficção científica de outros gêneros de fantasia é "o tipo especial de plausibilidade que ela tem. Esta plausibilidade é diretamente proporcional à evidência científica sólida que o autor introduz. Se essas evidências faltam, a ficção se torna uma forma morta e retórica" (Michel Butor, Repertório. Estudos e conferências 1948-1959, Il Saggiatore, Milão, 1961, pág. 204).
Na mesma linha, e até mais circunstanciado, é o parecer de um escritor do nível de Isaac Asimov: "Para um escritor de ficção, não é suficiente conhecer bem o próprio idioma: ele também precisa conhecer a ciência. [...] Nós não precisamos ser cientistas, nem ter um diploma de ciências. Mas se os nossos estudos tiverem sido deficientes em ciências, então é essencial começarmos a estudar por conta própria" (Isaac Asimov, Conselhos, em Guia de Ficção Científica, versão italiana, Mondadori, Milão, 1984, pág. 23).
Se a ciência é indispensável à ficção científica, a ficção científica é essencial para a ciência. Como prova, basta mencionar as várias invenções (como o helicóptero de Igor Sikorsky e o submarino de Simon Lake) e empreendimentos científicos (como os vôos ​​do Almirante Byrd sobre a Antártida e as explorações subterrâneas do espeleólogo Norman Casteret) inspirados ou estimulados pela leitura de romances de ficção científica, conforme é confessado pelos próprios protagonistas.
Queremos ressaltar aqui o fato de que esta relação de interação não se limita aos aspectos literários e tecnológicos, mas também envolve a esfera humana e pessoal, como testemunhado por Arthur C. Clarke com o seu romance 3001: Odisséia Final: "No caminho de volta da lua, [os astronautas da Apollo 15] me enviaram o esplêndido mapa em relevo da área de alunissagem do módulo lunar Falcon, que agora ocupa o lugar de honra do meu estúdio. Ele mostra as rotas percorridas pelo veículo lunar durante as suas três viagens, uma das quais explorava uma cratera iluminada pela Terra. O mapa traz a inscrição ‘Para Arthur Clarke, da tripulação da Apollo 15, com grande reconhecimento pelas suas visões do espaço. Dave Scott, Al Worden, Jim Irwin’. Em troca, dediquei Earthlight ‘a Dave Scott e Jim Irwin, os primeiros homens a penetrarem nessa terra, e a Al Worden, que acompanhou a sua órbita’".
Nestas circunstâncias, a conclusão parece óbvia: não faz sentido uma ficção anti-tecnológica e anti-científica. Mas, então, como explicar a existência de romances futuristas, inspirados, mais ou menos, numa ideologia de tipo ludista?
Referimo-nos a obras como A máquina pára, de 1909, escrita por Edward M. Forster, que descreve uma humanidade relegada ao subterrâneo e cujas necessidades são satisfeitas pela "Máquina". Quando esta pára, os homens morrem, porque perderam toda a capacidade de iniciativa. Segundo alguns estudiosos, esse espírito anti-científico está presente também no artífice da Idade de Ouro da ficção científica, John W. Campbell, precisamente nas histórias das "cidades no fim dos tempos", onde "cidades exterminadas, imóveis e gélidas, cheias de incompreensíveis máquinas sem objetivo após a morte dos seus criadores, são ao mesmo tempo o túmulo do homem e o fúnebre memorial a um tecnologismo sem espírito, a uma ciência dessangrada que não soube ver outra realidade além de si mesma" (G. de Turris-S.Fusco, A polêmica anti-científica na literatura futurista, em C.D.Simak, Mundos sem fim, 1964; Fanucci Roma 1977, pág. 14).
Para tentar esclarecer esta questão intricada e permitir que a ficção científica saia do impasse da ciência amiga/inimiga da humanidade, precisamos ter em mente os dois clichês que normalmente afetam o nosso julgamento sobre a ciência: ou panacéia ou fonte de todo mal.
Felizmente, além das duas correntes de pensamento, uma elogiando o "futuro magnífico e progressista" e a outra levantando a bandeira do "vade retro tecnologia", existe também uma terceira: a da ciência como fator de humanização, destacada pelo cientista nuclear e filósofo Enrico Cantore, SJ, em seu ensaio O homem científico: significado humanístico da ciência (uma extensa exposição do pensamento do padre Enrico Cantore está presente em nosso livro Fantascienza umanistica, em italiano, pela Boopen Editora, 2009. Os interessados ​​podem solicitar uma cópia gratuita enviando email para futureshock@alice.it).
Temos certeza de que, na ótica do humanismo sapiencial-científico, todas as contradições podem ser resolvidas e a ficção científica pode encontrar a nova linfa de que, neste momento de crise, ela tem vital necessidade.
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Familia e Vida


A família: uma casa com paredes de pedras vivas
O cardeal Ravasi e o professor Luigino Bruni inaugurarão o Congresso Internacional Teológico Pastoral
Por Luca Marcolivio
MILÃO, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org) - O ponto de vista eclesiástico e aquele secular foram unidos e harmonizados durante a primeira sessão do Congresso Internacional Teológico Pastoral, aberto hoje em Fieramilanocity (A cidade da Feira de Milão), logo após a inauguração do VII Encontro Mundial das Famílias.
A instituição da família, como explicado pelo Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Família, tem raízes importantes na Bíblia. Na sua palestra A família entre obra da criação e festa da salvação, Ravasi sublinhou como um dos termos mais frequentes nas Sagradas Escrituras judaico-cristãs seja o de “casa” ("bajit/bet, repetido 2092 vezes no Antigo Testamento e "oikos/oikía" repetido 209 vezes no Novo Testamento).
A imagem da casa tem portanto um valor seja religioso que cultural. Ela é um "espaço indispensável, onde a família deve sobreviver e viver, e é constituída por pessoas que na família vivem, sofrem, estão em tensão ou dialogam”, prosseguiu o cardeal.
Na casa existem muros de pedras vivas, metáfora dos filhos, de algo que cresce, que tende para cima. "A plenitude da família tende a ser confiada à prole", afirmou Ravasi.
A "casa" ou a família, é composta por três “quartos”. O primeiro é o quarto da dor, ou seja, da laceração, da incompreensão, da violência, que a mesma narrativa bíblica dá muitas vezes testemunho.
As mesmas lacerações podem ocorrer hoje, em forma diferente, na fecundação in vitro, no casal homossexual, na clonação e em vários "desconcertantes caminhos bioéticos" que ameaçam minar os alicerces da instituição familiar.
A segunda sala é a do trabalho: na sua obra da criação, Deus "não é certamente semelhante a um guerreiro destruidor, como se pintava, ao contrário, nas antigas cosmologias do Oriente Próximo", mas semelhante a um “trabalhador que trabalha por uma semana laboral de seis dias (Gn 1,1) ou a um "pastor" (Salmo 23) ou um "agricultor" (Sl 65,10-14).
É nesta perspectiva que o salmista pinta um “delicioso interior familiar que tem no centro uma mesa festiva onde está sentado o pai que pode alimentar-se a si mesmo, a sua esposa comparada à uma videira fecunda, e os filhos, vigorosos brotos de oliveira, por meio da fadiga das suas mãos” (Sl 128,2-3).
O salão de festas é também o salão da “alegria familiar”. Através da festa o homem, de imperfeito como ele é, se torna “perfeito”, entrando “no transcendente, no culto, no eterno”.
O ponto de vista secular, marcadamente sócio-econômico, foi analisado por Luigino Bruni, professor adjunto de Economia Política da Universidade de Milão-Bicocca, segundo o qual a cultura dominante de hoje, olha "muito para a economia e pouco para o trabalho".
Erroneamente continua-se a perceber a economia como dialética “entre trabalhor e empreendedor”, quando as duas categorias estão sujeitas ao mesmo domínio das finanças.
Segundo o professor Bruni, "deve-se voltar ao centro de todo o trabalho." Em vez disso, na mentalidade de hoje ", domina a cultura do incentivo, pela qual se trabalha duro só para a perspectiva de ser pago a mais".
Não se pode, no entanto, esgotar o trabalho somente no lucro: deve-se, pelo contrário, redescobrir a ética do "trabalho bem feito" que,  disse o economista, "aprende-se facilmente em família”. É, de fato, em família que se aprende a cultura da gratuidade, compreendida não tanto como sacrifício ou como trabalho gratuito, quanto como dom.
A mentalidade do incentivo a todo custo, portanto, acaba por arruinar a melhor parte dos trabalhadores, "comprando" o seu coração e sua alma e "secando" a força de trabalho.
O professor Bruni, na conclusão do seu discurso, ofereceu várias propostas a fim de "re-humanizar" a relação economia-família: proibir as publicidades dirigidas às crianças, dirigindo-as como alvo para os pais, e proibir também qualquer publicidade de máquinas caça-níqueis e outros jogos de azar, todos substancialmente prejudiciais às relações familiares.
[Tradução Thácio Siqueira]
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O Cardeal de Barcelona em Roma e Milão
Sistach participa no VII Encontro Mundial das Famílias
BARCELONA, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org).- O cardeal Lluís Martínez Sistach, arcebispo de Barcelona, participará amanhã, quinta-feira, no plenário do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, dicastério da cúria do qual é membro desde 2002.
Em seguida, de acordo com o arcebispado de Barcelona, o cardeal irá até Milão para participar, em 2 e 3 de junho, no VII Encontro Internacional das Famílias, acompanhando o Santo Padre. Ele estará presente na missa campal de domingo no aeroporto de Bresso, onde se encontrará com os numerosos participantes procedentes da arquidiocese de Barcelona.
Os fiéis catalães chegaram hoje a Milão, convocados tanto pela delegação diocesana de pastoral familiar quanto por diversos movimentos eclesiais da arquidiocese, juntamente com o delegado diocesano, Manel Claret.
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O Matrimônio na história da humanidade (Parte I)
Reflexões de Mons. Vitaliano Mattioli
Mons. Vitaliano Mattioli*
CRATO, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org) – De hoje, 30 de maio até o 3 de junho celebra-se em Milão (Itália) o VII Encontro Mundial das Famílias, que tem como tema: “A família, o trabalho, e a festa”.
É inútil repetir o quanto a família esteja ameaçada hoje. Basta uma simples reflexão para dar-se conta de uma verdadeira conjura contra a instituição familiar.
O encontro de Milão tem por objetivo sensibilizar a consciência social e colocar de novo a família no lugar que lhe corresponde, ou seja, no centro da sociedade.
Nessa reflexão de hoje partimos do princípio de que o Estado vem depois da família. É o conjunto das famílias que constitui o Estado. Por isso o Estado não tem o poder de colocar as mãos em características fundamentais do instituto familiar, mas somente providenciar que a família sobreviva como instituição natural da sociedade.
Vejamos, por exemplo, como em em todas as culturas encontramos disposições em defesa da família como sociedade natural fundada sobre o matrimônio. Façamos um percurso histórico.
No Código de Hamurabe (1750, mais o menos, a.C.)  está escrito: “Se um homem  se casou com uma mulher, mas não concluiu o contrato com ela, esta mulher nao pode ser acreditada como esposa legítima” (n. 128);  Se uma mulher casada é  surpreendida na cama com um outro homem, todos os dois devem ser amarrados e afogados” (n. 129).
Já no V sec. a.C. os textos confucianos  nos falam da família como fundamento do Estado. Se a família não  vive conforme as virtudes, também o Estado não pode está bem. Para formar uma família virtuosa, a pessoa  deve esforçar-se para ser perfeita antes de casar-se.
Na sociedade da antiga India, conforme a descriçao do Kamasutra, o Tratado sobre o amor, descrito por Mallanaga Vatsyayana (III Sec. d.C.), o casamento é algo sagrado, é uma obrigação religiosa que envolve a comunidade. As famílias estão comprometidas no casamento dos filhos. Isto porque o casamento não é um fato privado.
As leis do Manu (não tem uma data certa; mais ou menos entre o sec. II a.C. e o sec. II d.C.). No cap  terceiro  faz a lista  de oito modalidades para casar uma mulher e dos impedimentos.
Na antiga Grécia, já antes de Homero, o matrimônio era considerado o fundamento da sociedade. A familia por meio do  casamento, era a condição indispensável para a propagação da espécie humana. A família, nos antigos poemas, é apresentada com grande estima. Também nos tempos antigos, o casamento não tinha  uma legislação bem marcada, porém já aparece como um fato social; tem algumas cerimônias públicas e condições para que fosse um casamento reconhecido. Parece que a primeira forma legal específica foi introduzida pelo legislador Solon (Sec VI a.C.) que evidenciou as condições para que um casamento fosse reconhecido legitimo. Péricles (451 a.C.)  pusera outras condições. O casamento tinha um caráter sagrado. Terminada a festa do casamento, os casais agradeciam aos deuses, oferecendo um sacrifício, especialmente a Eros e Afrodite. O último ato consistia no registro do casamento no livro chamado fratria, junto a duas testemunhas.
Na segunda parte veremos como no Império Romano, pátria do Direito, o Matrimônio era uma instituição muito valorizada.
* Mons. Vitaliano Mattioli, nasceu em Roma em 1938, realizou estudos clássicos, filosóficos e jurídicos. Foi professor na Universidade Urbaniana e no Pontifício Instituto S. Apollinare em Roma e Redator da revista "Palestra del Clero". Atualmente é missionário Fidei Donum na diocese de Crato, no Brasil.
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Espírito da Liturgia


Quando Celebrar?/3: O ano Litúrgico (CIC 1168-1173)
Rubrica de teologia litúrgica aos cuidados do Pe. Mauro Gagliardi
Juan José Silvestre *
ROMA, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org) - Na Páscoa – que significa inseparavelmente cruz e ressurreição –resume-se toda a história da salvação, está presente de forma concentrada toda a obra da redenção. “Poder-se-ia dizer que a Páscoa é a categoria central da teologia do Concílio” (J. Ratzinger, Opera omnia, 774). Neste contexto está também o ano litúrgico. De fato, “a partir do «Tríduo Pascal», como da sua fonte de luz, o tempo novo da ressurreição enche todo o ano litúrgico com o seu brilho” (Catecismo da Igreja Católica [CIC], 1168).
Não poderia ser diferente já que a Paixão, morte e ressurreição do Senhor “é um acontecimento real, ocorrido na nossa história, mas único; todos os outros acontecimentos da história acontecem uma vez e passam, devorados pelo passado. Pelo contrário, o mistério pascal de Cristo não pode ficar somente no passado, já que pela sua morte, Ele destruiu a morte; e tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente. O acontecimento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a Vida” (CIC, 1085).
É verdade que a crucificação de Cristo, sua morte na cruz e, de maneira diferente, sua ressurreição do sepulcro, são eventos históricos únicos que, como tal, permanecem no passado. Mas se fossem unicamente feitos do passado, não poderia existir uma real conexão com eles. Em última análise, não teriam nada a ver conosco. Por isso o CIC continua: “A economia da salvação realiza-se no quadro do tempo, mas a partir do seu cumprimento na Páscoa de Jesus e da efusão do Espírito Santo, o fim da história é antecipado, pregustado, e o Reino de Deus entra no nosso tempo” (CIC, 1168).
Devemos reconhecer que a ressurreição está tão longe do nosso horizonte, é tão estranha a todas as nossas experiências, que é possível que nos perguntemos: Em que consiste propriamente isso de «ressuscitar»? O que significa para nós?
Bento XVI se aproxima desse mistério e diz: “A ressurreição é – se podemos usar uma vez a linguagem da teoria da evolução – a maior «mutação», o salto mais decisivo para uma dimensão totalmente nova, que nunca se produziu ao longo da história da vida e dos seus desenvolvimentos: um salto de uma categoria completamente nova, que nos afeta e que diz respeito a toda a história. [...] Era um com o Deus vivo, tão intimamente unido com Ele que formava com Ele uma única pessoa [...]. A sua própria vida não era somente sua, era uma comunhão existencial com Deus e estar inserido em Deus, e, por isso não era possível realmente tirá-lo. Ele pôde deixar-se matar por amor, mas justamente assim destruiu o caráter definitivo da morte, porque Nele estava presente o caráter definitivo da vida. Ele era uma só coisa com a vida indestrutível, de modo que esta desabrochou de novo através da morte. Expressemos mais uma vez a mesma coisa de outro ponto de vista. A sua morte foi um ato de amor. Na última ceia, Ele antecipou a morte e a transformou no dom de si mesmo. A sua comunhão existencial com Deus era concretamente uma comunhão existencial com o amor de Deus, e este amor é a verdadeira potência contra a morte, é mais forte que a morte” (Homilia, 15.04.2006).
Este é o verdadeiro núcleo e a verdadeira grandeza da Eucaristia, que sempre é mais do que um banquete, pois pela sua celebração se faz presente o Senhor, junto com os méritos da sua morte e ressurreição, acontecimento central da nossa salvação (cf. Ecclesia de Eucharistia, 11). Assim, “O mistério da ressurreição, em que Cristo aniquilou a morte, penetra no nosso velho tempo com a sua poderosa energia, até que tudo Lhe seja submetido” (CIC, 1169). Isso acontece porque Cristo, Deus e homem, mantém sempre atual, na sua dimensão pessoal de eternidade, o valor de fatos históricos do passado, como são sua morte e ressurreição.
Por esta razão, a Igreja celebra a obra salvadora de Cristo, cada semana no dia do Senhor, em que a Celebração eucarística supõe um caminhar para o interior da contemporaneidade com o mistério da Páscoa de Cristo, e uma vez por ano, na máxima solenidade da Páscoa que não é simplesmente uma festa entre outras: é a “Festa das festas”, “Solenidade das solenidades” (CIC, 1169).
Além disso, da mesma maneira que “durante a sua vida terrena, Jesus anunciava pelo seu ensino e antecipava pelos seus atos o seu mistério pascal” (CIC, 1085) agora durante o tempo da Igreja do ano litúrgico se apresenta como “o desenrolar dos diferentes aspectos do único mistério pascal. Isto vale particularmente para o ciclo das festas em torno do mistério da Encarnação, que comemoram o princípio da nossa salvação e nos comunicam as primícias do mistério da Páscoa” (CIC, 1171).
Finalmente durante todo o ano litúrgico, a Igreja venera de forma especial a Santíssima Virgem, “indissoluvelmente unida à obra de salvação do seu Filho; nela vê e exalta o mais excelso fruto da redenção e contempla com alegria, como numa imagem puríssima, o que ela própria deseja e espera ser inteiramente” (CIC, 1172). E na memória dos santos “proclama o mistério pascal realizado naqueles homens e mulheres que sofreram com Cristo e com Ele foram glorificados, propõe aos fiéis os seus exemplos, que a todos atraem ao Pai por Cristo, e implora, pelos seus méritos, os benefícios de Deus” (CIC, 1173).
* Juan José Silvestre é professor de Liturgia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz e consultor da Congregação para o Culto Divino e a Displina dos Sacramentos e do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.
Quem quiser enviar perguntas ou expressar opiniões sobre os temas tocados pela rubrica organizada pelo Padre Mauro Gagliardi pode escrever para: liturgia.zenit@zenit.org

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Mundo


Hilarion: olhemos juntos para o futuro
O Metropolita de Volokolamsk reuniu-se com os líderes da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS)
ROMA, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org). - "Em um mundo marcado pelo materialismo e consumismo, católicos e ortodoxos têm uma missão comum." Assim, o Metropolitano Hilarion Volokolamsk abriu a reunião com os líderes de Ajuda à Igreja que Sofre. No dia de Pentecostes, em Moscou, o chefe do Departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou recebeu o Barão Johannes von Heereman, Presidente Executivo da Fundação pontifícia, o assistente eclesiástico de AIS, padre Martin Barta, e o responsável internacional da seção Rússia, Peter Humeniuk.
"A união eucarística entre as nossas duas Igrejas não se realizará em poucos anos - disse Hilarion - mas não precisamos esperar. Temos de agir agora". O bispo ortodoxo expressou em várias ocasiões a sua preocupação pela situação dos cristãos no Oriente Médio e nos Países de maioria muçulmana, onde "a situação dos fiéis piora drasticamente". Um tema que surgiu no colóquio com Ajuda à Igreja que Sofre, que desde a sua fundação em 1947 sempre esteve ao lado da Igreja perseguida.
Em defesa das minorias cristãs há tempo que se manifesta uma "aliança estratégica" entre católicos e ortodoxos. Mas também temos de intervir em outros campos. Por exemplo, ao lidar com essas tendências das modernas sociedades seculares que estão em conflito com os valores cristãos básicos, tais como o casamento, a família e a defesa da vida. Por este motivo, o "ministro das Relações Exteriores" de Kirill espera num futuro outros momentos de diálogo entre as duas igrejas irmãs: “para buscar novas abordagens e livrar-nos dos pesos do passado".
O Barão von Heereman assegurou a plena cooperação de AIS e Hilarion agradeceu as palavras sinceras de gratidão à Fundação Papal. Há mais de 20 anos AIS apoia a Igreja Ortodoxa Russa – à qual doou mais de 700 mil euros em 2010 – e promove vários projetos inter-religiosos, refletindo o grande compromisso ecuménico da Obra. "Nós seremos sempre gratos à Ajuda a Igreja que Sofre", disse o prelado russo antes de terminar o encontro com um último apelo: "Diante dos grandes desafios que aparecem para as nossas duas comunidades, é importante olhar para o futuro juntos."
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Novo Bispo na diocese de Guanhães
O Santo Padre nomeia o Pe. Jeremias Antônio de Jesus
ROMA, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org) – O Santo Padre nomeou o 3º Bispo da diocese de Guanhães. Trata-se do sacerdote Jeremias Antônio de Jesus, do clero da diocese de Bragança Paulista, pároco da paróquia de Cristo Rei em Atibaia.
O Pe. Jeremias Antônio de Jesus nasceu no dia 27 de maio de 1966 em Atibaia, na diocese de Bragança Paulista, Estado de São Paulo. Depois de ter frequentado a escola na sua cidade de origem, completou os estudos filosóficos no Seminário Bom Jesus da arquidiocese de Aparecida e os estudos teológicos no Instituto Pio XI na cidade de São Paulo. Depois frequentou o Curso Internacional para os Reitores de Seminários no Ateneu Pontifício Regina Apostolorum em Roma.
No dia 10 de Dezembro de 1993 recebeu a ordenação sacerdotal e foi incardinado no clero da diocese de Bragança Paulista, na qual teve os seguintes cargos: Reitor do Seminário Maior Diocesano Imaculada Conceição (1994-1995 e 1998-2005), Administrador da Paróquia São Sebastião (1996-1997).
Desde 1999 é Responsável da Escola de Teologia para os Leigos em Atibaia; desde 2006 é pároco da Paróquia Cristo Rei em Atibaia e desde 2007 é Vigário Forâneo do Decanato de Atibaia.
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Entrevistas


A Igreja luta ainda contra a miséria de crianças brasileiras e contra a desigualdade social
Missionário Mexicano, Pe. Hector Ruiz, narra a sua experiência no Brasil
Por Tarcisio Santos de Siqueira
RECIFE, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org) - A Igreja luta ainda contra a miséria de crianças brasileiras e contra a desigualdade social. Uma prova disso ZENIT encontrou num sacerdote mexicano missionário em terras brasileiras, Padre Héctor Ruiz.
Padre Héctor é sacerdote missionário há doze anos atuando na periferia da cidade de Recife, na paróquia São Lourenço da Mata.
Publicamos a entrevista na íntegra:
ZENIT: O Senhor como um dos idealizadores da Associação “TIA” pode explicar, aos leitores de Zenit, um pouco do por que desta associação?
Padre Héctor: A nossa associação “TIA – Toda infância assistida” é uma resposta a uma das urgentes necessidades deste povo do Nordeste do Brasil, que é a pobreza extrema em vastos grupos sociais. Por essa pobreza as crianças crescem desnutridas, as mães, quando estão ainda grávidas, tem a forte tentação de abortar porque não teriam como alimentar a criança; a mortalidade infantil aumenta...  o futuro dessas crianças fica comprometido, assim como o futuro da sociedade em geral. A “TIA” tem o propósito de fornecer alimento, vestido e remédio a crianças de zero a seis anos”, para que pelo menos vivam os primeiros anos de sua vida com um pouco mais de dignidade.
ZENIT: Em que paróquia o Senhor está servindo a Igreja?
Padre Héctor: Há doze anos começou o meu ministério sacerdotal na periferia de Recife, na paróquia de São Lourenço da Mata, onde está sendo construído a Arena Pernambuco, um dos estádios para o mundial de 2014. Terra da cana de açúcar, onde o cortador de cana tem trabalho por seis meses e por outros seis vive ou “quase vive” com o pouco que ganhou nesse triste trabalho. 
ZENIT: Se inspirou em alguma obra da Igreja?
Padre Héctor: Os Legionários de Cristo me ensinaram a cultivar uma sensibilidade social. Até cheguei a ensinar Doutrina Social da Igreja no seminário de Brasília por um ano. Para mim não é novidade que a  Igreja se preocupe, com prioridade, dos mais fracos. Ela sempre tem sido a inspiradora da minha vida. Sempre tem incentivado a distribuição mais equitativa das riquezas. Como é possível, eu me perguntava, que um sacerdote, que quer servir à Igreja, vendo o desequilíbrio existente nesta área do Brasil, fique com os braços cruzados? A população que estamos atendendo está a somente 50 quilômetros de um rico centro urbano, que é Recife. É uma vergonha que, em quanto se podem ver luxuosíssimas residências nessa cidade, tenhamos crianças que, esqueléticas e desnutridas vivem vestindo só uma calça suja, brincando sobre o chão de terra batida das suas apertadas casas. Era para mim uma urgência criar ao menos uma associação que fosse canal entre ricos e pobres.
ZENIT: Como a associação “TIA” consegue ser este canal?
Padre Héctor:  A verdade é que até agora reunimos poucos desses “super-ricos” e “super-poderosos”. Conseguimos mais apoio da classe média. E por isso reforçamos nosso projeto de reunir o maior número de padrinhos que mensalmente contribuam com algo para uma das crianças da associação. A ideia é que funcione como um banco, em que o padrinho deposita dinheiro para o seu afilhado(a) e a associação entrega o equivalente em vestido, comida ou remédio, segundo as necessidades dele(a). Sendo o padrinho informado, periodicamente, pela associação sobre a situação de seu afilhado.
ZENIT: Hoje quantas crianças são atendidas pelos programas da “TIA”?
Padre Héctor: Neste momento estamos atendendo 78 crianças, que vão de zero aos seis anos. Evidenciando que esse “zero”, inclui também bebes no seio materno. Precisamente para evitar a tentação que poderia ter a mãe de abortar por não ter recursos e sentir-se desprotegida. Poderíamos ter centenas e milhares de crianças porque realmente a pobreza é muita, mas por falta de voluntários não podemos ampliar o círculo de ajuda.
ZENIT: Então a associação “TIA” é de voluntários?
Padre Héctor: Exatamente. O corpo diretivo, composto por doze membros, não recebe nada. Tudo é por bondade de coração. Embora a associação tenha que ter alguns profissionais para realizar determinadas funções para o bom funcionamento da associação.
ZENIT: Como assim?
Padre Héctor: Às vezes é necessário contratar um psicólogo, para também dar atendimento aos pais e às crianças necessitadas desse tratamento, ou chamamos a um palestrante para dar formação aos pais... Essas coisas são, certamente, pagas.
ZENIT: Qual o Ano de Criação da Associação? Após estes primeiros anos já é possível olhar para trás e contemplar que a associação têm feito à diferença na sociedade?
Padre Héctor: Nós começamos faz nove anos. Temos atendido já muitas crianças, que saem do projeto quando cumprem os sete anos. Não temos dado, ainda, tudo o que gostaríamos dar. Mas a semente plantada está crescendo e estamos conseguindo  algumas coisas. A cada ano organizamos quatro festas com presentes, brinquedos, comida e muitas diversões... Também aproveitamos essa ocasião para dar formação familiar às mães. Nos falta ainda exigir dos pais destas crianças, que dêem uma hora de trabalho semanal gratuito a alguma associação beneficente, reconhecida pela “TIA”, para que não seja tudo assistencialismo, que pode alimentar, por outro lado, preguiça e irresponsabilidade com outros males.
ZENIT: Como os leitores de Zenit podem conhecer melhor o Projeto? E caso queiram adotar uma criança é possivel? quais os contatos?
Padre Héctor: Podem enviar um email para:  paroquiaslm@hotmail.com . Ou ainda, ligar por telefone: 55-81-35250277      .
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Audiência de quarta-feira


A oração é o encontro com uma Pessoa viva
A catequese do Papa na Audiência desta quarta-feira
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 30 de maio de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos as palavras de Bento XVI aos fiéis e peregrinos reunidos para a Audiência Geral desta quarta-feira, na praça de São Pedro.
Queridos irmãos e irmãs,
Nestas catequeses estamos meditando a oração nas cartas de São Paulo e buscamos ver a oração cristã como um verdadeiro e pessoal encontro com Deus Pai, em Cristo, mediante o Espírito Santo. Hoje, neste encontro, entram em diálogo o “sim” fiel de Deus e o “amém” confiante dos crentes. E gostaria de destacar esta dinâmica, detendo-me na Segunda Carta aos Coríntios.  São Paulo envia esta apaixonada Carta a uma Igreja que mais de uma vez colocou em discussão seu apostolado, e ele abre o seu coração pare que os destinatários sejam assegurados sobre a fidelidade a Cristo e ao Evangelho. Esta Segunda Carta aos Coríntios inicia com uma das orações de benção mais altas do Novo Testamento. Soa assim: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das Misericórdias, Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angustia!” (2Cor 1,3-4).
Então, Paulo vive em grande tribulação, são muitas as dificuldades e as aflições que teve que atravessar, mas nunca cedeu ao desânimo, sustentado pela graça e pela proximidade com o Senhor Jesus Cristo, pelo qual se tornou apóstolo e testemunha da entrega de toda própria existência em Suas mãos. Justamente por isso, Paulo inicia esta Carta com uma oração de benção e de agradecimento a Deus, porque não houve momento algum de sua vida de apóstolo de Cristo no qual tenha sentido menos sustentado pelo Pai misericordioso, pelo Deus de toda consolação. Sofreu terrivelmente, disse ele mesmo nesta Carta, mas em todas aquelas situações, onde parecia não abrir-se outra estrada, recebeu consolação e conforto de Deus.  Para anunciar Cristo, logo também sofreu perseguições, até ser trancado na prisão, mas se sentiu sempre interiormente livre, animado pela presença de Cristo e ansioso para anunciar a palavra de esperança do Evangelho. Da prisão, assim escreve a Timóteo, seu fiel colaboradorEle da cadeia escreve: “A palavra de Deus, esta não se deixa acorrentar. Pelo que tudo suporta por amor dos escolhidos, para que também eles consigam a salvação em Jesus Cristo, com a glória eterna” (2Tm 2,9b-10).
Em seu sofrimento por Cristo, ele experimenta a consolação de Deus. Escreve: “à medida que em nós crescem os sofrimentos de Cristo, crescem também por Cristo as nossas consolações” (2Cor 1,5).
Na oração de benção que introduz a Segunda Carta aos Coríntios predomina , ao lado do tema das aflições, o tema da consolação, não interpretado somente como um simples conforto, mas, sobretudo, como encorajamento e exortação para não deixar-se vencer pela tribulação e pela dificuldade. O convite é para viver cada situação unidos a Cristo, que carrega sobre si todo sofrimento e pecado do mundo para levar luz, esperança e redenção. E assim, Jesus nos torna capazes de consolar aqueles que estão à nossa volta e que se encontram em tqualquer tipo de aflição. A profunda união com Cristo na oração, a confiança em sua presença, conduzem à disponibilidade de partilhar os sofrimentos e as aflições dos irmãos. Escreve Paulo: “Quem é fraco, que eu não seja fraco? Quem sofre escândalo, que eu não me consuma de dor?” (2Cor 11,29). Estas partilhas não nascem de uma simples benevolência, nem mesmo da generosidade humana ou do espírito de altruísmo, mas surge do consolo do Senhor, do sustento inabalável da “extraordinária potência que vem de Deus e não de nós” (2Cor 4,7).
Queridos irmãos e irmãs, a nossa vida e o nosso caminho cristão são marcados muitas vezes pela dificuldade, incompreensão e sofrimento. Todos nós sabemos. No relacionamento fiel com o Senhor, em nossa oração constante, cotidiana, podemos também nós, concretamente, sentir a consolação que vem de Deus. E isso reforça a nossa fé, pois nos faz experimentar de modo concreto o “sim” de Deus ao homem, a nós, a mim, em Cristo; faz sentir a fidelidade do Seu amor, que chega até a doação de Seu Filho sobre a Cruz. Afirma São Paulo: “O Filho de Deus, Jesus Cristo, que nós, Silvano, Timóteo e eu, vos temos anunciado não foi ‘sim’ e depois ‘não’, mas sempre foi ‘sim’. Porque todas as promessas de Deus são ‘sim’ em Jesus. Por isso, é por ele que nós dizemos ‘Amém’ à glória de Deus” (2Cor 1,19-20). O “sim” de Deus não é reduzido pela metade, não está entre o “sim” e o “não”, mas é um simples e seguro “sim”. E a este “sim” nós respondemos com o nosso “sim”, com o nosso “amém” e, assim, estamos seguros no “sim” de Deus.
A fé não é primariamente uma ação humana, mas dom gratuito de Deus, que se enraíza na sua fidelidade, no seu “sim”, que nos faz compreender como viver a nossa existência amando Ele e os irmãos. Toda a história de salvação é um progressivo revelar-se desta fidelidade de Deus, apesar das nossas infidelidades e nossas negações, na certeza de que “os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis”, como declara o Apóstolo na Carta aos Romanos (11,29).
Queridos irmãos e irmãs, o modo de agir de Deus – bem diferente do nosso – nos dá consolação, força e esperança, porque Deus não retira o seu “sim”.Diante dos conflitos nas relações humanas, às vezes também familiares, nós somos levados a perseverar no amor gratuito, que requer empenho e sacrifício. Em vez disso, Deus não se cansa de nós, não se cansa nunca de ter paciência conosco e com sua imensa misericórdia nos precede sempre, vem ao nosso encontro por primeiro, é absolutamente confiável este seu “sim”. Na Cruz nos ofereçe a medida do seu amor, que não se calcula, não tem tamanho.São Paulo, na Carta a Tito escreve: “Mas um dia apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens” (Tit 3,4). E por isso, este “sim” se renova a cada dia “quem nos confirma a nós e a vós em Cristo, e nos consagrou, é Deus. Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nossos corações o penhor do Espírito” (2Cor 1,21b-22).
É, de fato, o Espírito Santo que torna constantemente presente e vivo o “sim” de Deus em Jesus Cristoe cria em nosso coração o desejo de segui-lo para entrar totalmente, um dia, no seu amor, quando receberemos uma moradia não construída por mãos humanas nos Céus. Não existe alguém que não seja alcançado ou convidado a este amor fiel, capaz de esperar, mesmo aqueles que continuamente respondem com o “não” de rejeição ou de coração endurecido. Deus nos espera, nos busca sempre, quer acolher-nos na comunhão consigo para doar a cada um de nós a plenitude de vida, de esperança e de paz.

Sobre o “sim” fiel de Deus, é unido o “amém” da Igreja que ressoa em cada ação da liturgia: “Amém” é a resposta da fé que conclui sempre a nossa oração pessoal e comunitária. E que expressa o nosso “sim” à iniciativa de Deus. Geralmente, respondemos por hábito com o nosso “Amém” na oração, sem compreender seu significado profundo.  Este termo deriva do ‘aman’ que, em hebraico e em aramaico, significa “estabilizar”, “consolidar” e, consequentemente, “estar certo”, “dizer a verdade”. Se olharamos na Sagrada Escritura, vemos que este “amém” é dito no fim dos Salmos de benção e louvor, como por exemplo, no Salmo 41: “Vós, porém, me conservareis incólume, e na vossa presença me poreis para sempre. Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade em eternidade! Assim seja! Amém!” (vv. 13-14).  Ou expressa adesão a Deus, no momento em que o povo de Israel retorna cheio de alegria do exílio babilônico e diz o seu “sim”, o seu “amém” a Deus e a sua Lei. No Livro de Neemias se narra que, depois deste retorno, “Esdras abriu o livro (da Lei) à vista do povo todo; ele estava, com efeito, elevado acima da multidão. Quando o escriba abriu o livro, todo povo levantou-se. Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus; ao que todo o povo respondeu levantando as mãos: ‘Amém! Amém!’”(Nee 8,5-6).
Desde o início, portanto, o “amém” da liturgia judaica tornou-se o “amém” das primeiras comunidades cristãs. E o livro da liturgia cristã por excelência, o Apocalipse de São João, inicia com o “amém” da Igreja: “Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos e séculos! Amém” (Apo 1,5b-6). Assim no primeiro capítulo do Apocalipse. E o mesmo livro é concluído com a invocação “Amém. Vem, Senhor Jesus!” (Apo 22,21).
Queridos amigos, a oração é o encontro com uma Pessoa viva a se escutar e com quem dialogar; é o encontro com Deus que renova sua fidelidade inabalável, o seu “sim” ao homem, a cada um de nós, para doar-nos a sua consolação em meio às tempestades da vida e nos fazer viver, unidos a Ele, uma existência plena de alegria e de bem, que encontrará o seu cumprimento na vida eterna.
Em nossa oração, somos chamados a dizer “sim” a Deus, a responder com este “amém” de adesão, de fidelidade a Ele por toda nossa vida. Esta fidelidade não podemos jamais conquistar com as nossas forças, mas é fruto do nosso compromisso cotidiano; essa vem de Deus e é fundada sobre o “sim” de Cristo, que afirma: Meu alimento é fazer a vontade do Pai (cfr João 4,34).  É neste "sim" que devemos entrar, entrar neste “sim” de Cristo, na adesão à vontade de Deuspara conseguir como São Paulo dizer que não somos mais nós que vivemos, mas é o próprio Cristo que vive em nós. Então, o “amém” da nossa oração pessoal e comunitária envolverá e transformará toda a nossa vida, uma vida de consolação de Deus, uma vida imersa no Amor eterno e inabalável. Obrigado.
Aos peregrinos de língua portuguesa dirigiu a seguinte saudação:
Amados peregrinos de língua portuguesa, em particular os participantes no curso de formação dos Capuchinhos e demais grupos do Brasil e de Portugal: a todos dou as boas-vindas, encorajando os vossos passos a manterem-se firmes no caminho de Deus. Tomai por modelo a Virgem Mãe! Fez-Se serva do Senhor e tornou-Se a porta da vida, pela qual nos chega o Salvador. Com Ele, desça a minha Bênção sobre vós, vossas famílias e comunidades eclesiais.

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