Santa Sé


"Maria nos ensina a orar também pelos outros e não somente na necessidade"
Na Audiência Geral, Bento XVI abre um novo ciclo de catequeses
Por Lucas Marcolivio
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 14 de março de 2012 (ZENIT.org) - Concluído na semana passada, a série de reflexões sobre a oração de Jesus, o Papa Bento XVI, durante a Audiência Geral desta manhã, inaugurou uma série de meditações sobre a oração nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São Paulo.
Os Atos dos Apóstolos, em particular, foram definidos como"o primeiro livro sobre a história da Igreja", lembrou o Papa. Seja neles que nas epístolas Paulinas, "um dos elementos recorrentes é justo a oração, daquela de Jesus àquela de Maria, dos discípulos, das mulheres e da comunidade cristã”.
Elemento orientador do caminho original da Igreja é o Espírito Santo que, com a sua efusão, levará a Palavra de Deus para o Oriente e para o Ocidente. Espírito Santo, que é o próprio Jesus que anuncia a chegada (Atos 1,8).
Enquanto isso, Maria acompanha os Onze no início da missão da Igreja: o faz com a sua "presença orante", na sequela silenciosa do Filho, “durante a vida pública até os pés da cruz”.
A oração da Virgem marca todas as fases da Igreja primitiva, a partir da Anunciação do Anjo (Lc 1,38) e da visita à sua prima Isabel (Lucas 1,46-55).
Com o cântico do Magnificat a Mãe de Deus "não olha só aquilo que Deus tem feito por ela, mas também o que tem feito e realiza continuamente na história".
A vemos, então, no Cenáculo de Jerusalém, onde, "em um clima de escuta e oração", Maria está presente "antes de que sejam abertas as portas e comecem o anúncio de Cristo Senhor a todos os povos."
A presença providencial de Maria em cada um desses momentos cruciais - cujo ponto culminante é a entrega da Mãe a João por Cristo crucificado - é marcada pela sua "capacidade de manter um clima perseverante de recolhimento, para meditar cada acontecimento no silêncio do seu coração, diante de Deus”, disse o Pontífice.
Depois da Ascensão, Maria continua a acompanhar os Apóstolos que com Ela, compartilham "o que é mais precioso: a memória viva de Jesus, na oração".
O acompanhamento de Maria é também crucial no período de transição que precede Pentecoste. Junto com ela os Apóstolos se reúnem para esperar o dom do Espírito Santo", sem o qual não podem se tornar testemunhas".
Sem Maria não é possível nenhum Pentecoste porque “Ela viveu de uma maneira única o que a Igreja experimenta a cada dia sob a ação do Espírito Santo". Também na Constituição dogmática Lumen gentium (nº 59) destaca a importância do papel da Virgem nesta passagem, que o Concílio Vaticano II procurou enfatizar.
"Venerar a Mãe de Jesus na Igreja significa então aprender dela a ser comunidade que reza", continuou Bento XVI, salientando que Maria nos convida "a abrir as dimensões da oração, a se voltar para Deus não apenas na necessidade e não só para si mesmos, mas de modo unânime, perseverante, fiél, com um “só coração e uma só alma” (cf. At 4,32). "
Maria é "colocada pelo Senhor nos momentos decisivos da história da salvação e sempre foi capaz de responder com total disponibilidade, resultado de uma relação profunda com Deus desenvolvida na oração assídua e intensa", acrescentou.
A sua maternidade está viva "até o fim da história" e é por isso que a ela se confia “todas as fases da passagem da nossa existência pessoal e eclesial, não menos importante aquela da nossa passagem final".
Graças à Maria, com seu exemplo de oração constante e incessante, somos capazes de "sair" da “nossa casa", de nós mesmos, com coragem, para alcançar os confins do mundo e anunciar em todos os lugares o Senhor Jesus, Salvador do mundo" , concluiu depois o Papa.
[Tradução Thácio Siqueira]
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Bento XVI prepara a sua viagem a Cuba e ao México estudando, orando e está muito sereno
O "crocodilo do papa volta à Cuba como símbolo de amizade entre os povos
Por Ir. Sergio Mora
ROMA, quarta-feira, 14 de março de 2012 (ZENIT.org) – Faltando um pouco mais de uma semana para que Bento XVI comece a sua viagem apostólica a Cuba e ao México, dos dias 23 a 29 de março próximo, o Santo Padre se prepara estudando a situação, elaborando seus discursos e em oração, e está muito sereno. Foi o que afirmou nesta quarta-feira em Roma, o substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, monsenhor Giovanni Angelo Becciu, depois de uma cerimônia de despedida de um pequeno crocodilo de Cuba trazido ilegalmente para a Itália.
No evento acontecido no Bioparque de Roma, estavam presentes embaixadores de Cuba na Itália, Milagros Carina Soto Aguero; e junto à Santa Sé, Eduardo Delgado; e sua excelência Giovanni Becciu.
"Coco, o crocodilo do Papa" como alguns meios o chamam, voltará a um zoológico da ilha caribenha. Nas suas palavras o arcebispo recordou que "o Papa deu importância à presença do crocodilo na sua audiência, o que significa muito, pois é um símbolo de amizade entre os povos" e do "despertar do respeito pela natureza."
Na verdade, o réptil foi levado no passado dia 11 de Março para o Vaticano representando os 1.200 animais do Bioparque de Roma.
E no final sua excelência brincou: "Quase quase se poderia dizer Bendito aquele que volta para esta ilha mágica e encantadora."
Depois do evento, respondendo a alguns meios de comunicação, entre os quais estava ZENIT, o prelado italiano indicou que "o Vaticano respeita a Sagrada Escritura que ensina que é necessário respeitar a natureza e, portanto, a Igreja e a Santa Sé se comprometem em todas as iniciativas que protegem a natureza". E acrescentou que ao ato no Bioparque  "nos juntamos, porque tem um significado simbólico, e pelo relacionamento pessoal que tenho com Cuba."
Por que o papa no México não vai à capital nem à Guadalupe? "Porque na Cidade do México e em Guadalupe já esteve João Paulo II, enquanto que agora vai para Leon, onde está o monumento a Cristo Rei, que tem o seu significado", disse ele.
Considerou que o problema da altura em uma pessoa de certa idade pode ter influenciado, embora Bento XVI "queria ir para um lugar onde o Papa nunca tivesse ido". Sobre a possibilidade de um encontro entre Bento XVI e Fidel Castro, monsenhor Becciú simplesmente disse: "O papa está aberto a tudo e no futuro saberemos".
"É uma viagem – continuou o arcebispo - que no México e Cuba poderá dar a oportunidade de acolher a mensagem do Papa, que será de reconciliação, de esforço pelo progresso da Igreja e da própria sociedade, seja mexicana ou cubana, e um sinal de amor para ambos os povos. "
Uma viagem particularmente difícil? "Não, ao contrário, eu diria que muito tranquila. Para a qual o Santo Padre se prepara estudando a situação, elaborando os discursos e em oração”. E acrescentou que, vendo o papa recentemente "o achei muito sereno".
Enquanto isso, o embaixador de Cuba junto ao Vaticano, disse que o de hoje "foi uma bela expressão de amizade e de responsabilidade e uma feliz coincidência, no momento em que o povo cubano espera a visita do papa".
Disse que sairam nos últimos dias, dois artigos no Diário Gramma, órgão oficial do comitê central do  partido comunista, um explicando um pouco o que é o Vaticano e outro dando as boas vindas para Bento XVI. E considerou que esta viagem "é um evento importante, não só para os católicos, mas para o povo cubano".
Estimou que a participação do público será mais ou menos a mesma que durante a viagem de João Paulo II, até mesmo está prevista a chegada de pessoas de outras províncias e cidades como Matanzas e Santa Clara.
E disse que "não foi definido um encontro entre Bento XVI e Fidel Castro, embora não esteja excluído".
Sobre os vistos para entrar em Cuba, sem entrar em controvérsias recentes, e referindo-se especificamente à visita papal, disse: "Preparam-se, pelo menos, quatro vôos de Miami. Enquanto que na viagem de João Paulo II, isso não foi possível porque os EUA não tinha permitido".
Sobre a posição histórica da Santa Sé contra o bloqueio econômico de Cuba, o embaixador observou que Havana nunca pediu qualquer intervenção do Papa sobre o assunto, ainda que se ele quisesse podia fazê-lo.
[Tradução Thácio Siqueira]
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Bento XVI, hóspede da Universidade do Sacro Cuore
No próximo dia 3 de maio o Papa irá ao Gemelli para celebrar o 50 º aniversário da Faculdade de Medicina
Salvatore Cernuzio
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 14 de março de 2012 (ZENIT.org) - Uma surpresa agradável para os estudantes, os professores e o pessoal técnico-administrativo da Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade Católica do Sacro Cuore de Roma.
Quinta-feira, 3 de maio de 2012, às 11hs, Bento XVI vai visitar a sede do Ateneu, no hospital Gemelli, para celebrar o 50 º aniversário da instituição da Faculdade, onde, segundo relatos da Sala de Imprensa da Santa Sé nesta manhã, está previsto também um discurso.
Trata-se de um novo compromisso com o Papa para a Universidade Católica: já no ano passado, 21 de maio de 2011, de fato, o Papa tinha recebido em audiência, na Sala Paulo VI, os cerca de 7.000 dirigentes, estudantes e professores do Ateneu, por ocasião do aniversário da sua fundação, acontecida 90 anos antes, sob a iniciativa do Instituto Giuseppe Toniolo, por instituição do Padre Agostinho Gemelli. Para o Papa, no entanto, será a primeira vez que cruzará as portas de uma Faculdade do Policlínico Universitário. Outros encontros aconteceram, de fato, no Hospital Gemelli: como uns quatro, dos quais o último, no dia 5 de janeiro de 2011, na vigília da Epifania, com a visita às crianças internadas na pediatria do Hospital.
Naquela ocasião, o Papa Ratzinger tinha também abençoado o Centro para a cura da espinha bífida, malformação congênita da coluna vertebral e da medula espinhal, e depois também entregou doces e presentes natalinos às crianças.
No dia 9 de janeiro de 2010, no entanto, o Papa surpreendeu a todos com uma visita surpresa ao Cardeal Roger Etchegaray, internado no nono andar do Hospital depois de uma fratura relatada após a tentativa de agressão sofrida pelo mesmo Papa na véspera de Natal.
Recebido às 19hs por Lorenzo Ornaghi, reitor da Universidade Católica, e pelo Professor Cesare Catananti, Diretor do Policlínico A. Gemelli, o Santo Padre, ficou cerca de meia hora numa conversa muito amigável com o cardeal sentado num sofá e saindo cumprimentou também alguns pacientes.
Ainda mais cedo, na tarde do 05 de agosto de 2005, o Pontífice, deixou por algumas horas a residência de verão de Castelgandolfo, para visita ao Gemelli e para visitar o seu irmão Georg Ratzinger, submetido a uma cirurgia cardiologia e, no dia 25 de novembro do mesmo ano, voltou para a inauguração do ano acadêmico da Universidade Católica do Sacro Cuore.
Não podemos esquecer que o Policlínico Gemelli foi o primeiro destino do Papa João Paulo II fora das fronteiras do Vaticano. Na tarde do 18 de outubro de 1978, apenas dois dias depois da sua eleição como Papa, o Beato Wojtyla quis visitar um velho amigo que há muito residia em Roma, o monsenhor polonês Andrzej Deskur, futuro Cardeal, internado ali, criando muita agitação ao redor.
A memória coletiva nos lembra com tristeza que João Paulo II não veio ao Gemelli só para visitar os doentes e o pessoal: também ele foi internado ali nove vezes durante os anos do seu pontificado, num total de 153 dias e 152 noites.
Graças à generosidade dos diretores do Gemelli, foi, de fato, organizado no décimo andar um mini-apartamento, que se tornaria familiar para o beato, tanto que, em 1996, aproximando-se da janela do seu escritório, dirá essa famosa piada: “O Vaticano Um está na Praça de São Pedro, o Vaticano Dois está em Castelgandolfo, o Vaticano Três tornou-se o Policlínico Gemelli”
 [Tradução Thácio Siqueira]
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Deus chora na Terra


Asia Bibi: Tirem-me daqui!
O relato dilacerante de uma inocente condenada à morte por blasfêmia no Paquistão
Por Nieves San Martín
MADRI, quarta-feira, 14 de março de 2012 (ZENIT.org) – Foi apresentado na Espanha no último dia 6 o livro “Tirem-me daqui”, dramático relato do cativeiro da cristã paquistanesa Asia Bibi, condenada à morte por uma blasfêmia que ela não pronunciou. No lançamento, a jornalista francesa Anne Isabele Tollet, co-autora junto com a própria Bibi, anunciou que a França dará asilo político tanto a Asia como a toda a sua família, caso ela seja libertada do presídio onde espera pela execução.
Anne Isabele Tollet chamou a atenção para o fato de que essa eventual saída do país teria que ser imediata: da prisão direto para o aeroporto e dali para a França. Motivo: a vida de Asia Bibi corre menos perigo dentro da cadeia do que fora dela, onde muitos fanáticos estão dispostos a executá-la, como já executaram um governador e um ministro que se pronunciaram em sua defesa.
Na apresentação do livro, publicado pela editora Libroslibres em colaboração com a fundação Ajuda à Igreja que Sofre, a jornalista explicou como foi o processo que tornou a obra possível. Ela acompanhava Ashiq, o marido de Asia, em sua visita semanal ao presídio. Ashiq repetia para Asia as perguntas da escritora e lhe trazia as respostas. Tollet anotava imediatamente o relato, já que nem Ashiq nem Asia poderiam fazê-lo. Eles não sabem escrever.
O relato da vida de Asia Bibi é o de uma mulher do campo, simples, analfabeta, que nunca teria imaginado o pesadelo que está enfrentando.
Acusada injustamente de blasfêmia contra o profeta Maomé por algumas mulheres muçulmanas, ela foi condenada à morte e se consome à espera da execução, por enforcamento.
A jornalista usa as palavras de Asia Bibi para relatar os fatos que a levaram à condenação e descreve o ódio que ela suscita em fanáticos islâmicos, que, mediante uma sentença claramente política, a transformaram na bandeira da lei anti-blasfêmia. O livro também conta como ela passa os dias na cadeia esperando um possível indulto presidencial que nunca chega.
Muitas personalidades se pronunciaram em favor de Asia, incluindo a secretária de estado norte-americana Hillary Clinton e o papa Bento XVI. Além disso, duas pessoas já pagaram com a vida por terem-na defendido: o governador Salman Taseer e o ministro para as minorias Shabaz Batti, assassinados por fanáticos.
O livro relata a grande surpresa de Asia quando soube que o papa tinha falado em sua defesa. Disseram-lhe: "O papa Bento XVI falou de você na praça de São Pedro, em Roma".
Bento XVI afirmou: "Penso em Asia Bibi e na sua família e peço que a sua liberdade seja devolvida o quanto antes". O papa pediu ainda pelo conjunto dos cristãos do Paquistão, frequentemente vítimas da violência e da discriminação.
"De volta à minha cela, não consigo voltar a mim. O papa em pessoa pensa em mim e reza por mim! Eu me pergunto se mereço tanta honra e atenção. Por que eu? Não passo de uma pobre agricultora, e no mundo existem outras pessoas que sofrem como eu e que precisam mais ainda. Pela primeira vez, durmo na minha cela com o coração sossegado", relata a autora.
Mas Bibi teve na prisão outras notícias, nada agradáveis. Um dia, o carcereiro muçulmano lhe disse: "O seu anjo da guarda acaba de ser assassinado por culpa sua. O seu amado governador Salman Taseer, esse traidor dos muçulmanos, já foi banhado em sangue. Levou vinte e cinco tiros em Islamabad porque defendeu você".
"Meu coração treme e se encolhe, e os meus olhos se enchem de lágrimas. Imploro a Deus. Por quê?", reage Asia Bibi.
A prisioneira se questiona ainda sobre a impossível situação dos cristãos no Paquistão: "O que eles podem e devem responder se um muçulmano lhes pergunta se eles acreditam em Alá e em Maomé, seu profeta? Eu fui educada na fé de Cristo, da Virgem Maria e da Santíssima Trindade. Eu respeito o islã e a fé dos muçulmanos, mas o que posso responder diante dessa pergunta? Se eu digo que não acredito em Alá, mas em Deus e em Cristo, sou considerada blasfema. Se digo que acredito, sou considerada traidora, como São Pedro, que negou Jesus três vezes. Coisas como estas eu nunca me perguntei antes...".
"Eu lamento tanto ter sido transformada no emblema da lei da blasfêmia! As manifestações são contra mim, mas o que eles querem, na verdade, é manter esta lei que se tornou intocável, parece, desde a morte do governador".
Outra notícia terrível ainda encheria Asia Bibi de amargura: "Shahbaz Bhatti foi morto. Foi assassinado há três dias". "Nesse momento", relata Asia, "eu sinto um aperto muito forte no coração. Fico petrificada, as pernas me abandonam, me escondo no travesseiro, a respiração me treme. Vejo as paredes da minha prisão racharem e se derrubarem sobre mim.Tenho a impressão de viver um pesadelo acordada, há tempo demais, e o último resquício de esperança que fazia o meu coração bater acaba de se apagar com a morte de Shahbaz Bhatti. O ministro sabia que estava sendo ameaçado, os jornais diziam que ele se arriscava a morrer, como o governador (...) Estou fulminada, destruída pela injustiça da morte do ministro (...) Ele morreu mártir".
A coragem e a resistência desta aparentemente frágil mulher é assombrosa. Ela poderia ter evitado tudo isto se, quando pressionada, tivesse se convertido ao islã para evitar a condenação.
"Enquanto eu tiver reflexo para respirar, vou continuar lutando para que Salman Taseer e Shahbaz Bhatti não tenham dado a vida à toa. Quero que o governo saiba que, mesmo se me trancar numa tumba, eu continuarei fazendo a minha voz ser ouvida enquanto o meu coração bater".
No final do seu relato dilacerante, Asia Bibi faz um apelo aos leitores: "Vocês leram a minha história (...) Agora que vocês me conhecem, contem o que me aconteceu para todos à sua volta. Divulguem. Acredito que é a única oportunidade que eu tenho de não morrer no fundo desta masmorra. Preciso de vocês! Salvem-me!".
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Mundo


Entre Karl Marx e Adam Smith, é melhor Bento XVI
Giulio Tremonti propõe o congelamento dos débitos e o uso das finanças para o desenvolvimento real da economia
Por Antonio Gaspari
ROMA, quarta-feira, 14 de março de 2012(ZENIT.org) - Nem Karl Marx, nem Adam Smith, a saída de emergência da crise encontra-se na encíclica Caritas in Veritate. Afirmou ontem, 13 de março, na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma, Giulio Tremonti, durante a apresentação de seu último livro “Saída de emergência” da editora Rizzoli.
O ex-ministro da economia criticou duramente a atividade especulativa que dominou os mercados nas últimas décadas.
Ele explicou que por causa da tendência a especulação sobre os chamados “derivados” criou-se uma ‘assimetria dimensional’ entre economia real e uma massa financeira.
Em palavras simples, os títulos de papel crescem em um ritmo 10-12 vezes maior em relação à economia real. Em 2011 diante do PIB mundial  de 62.911 bilhões de dólares, assistimos um crescimento das atividades financeiras sobre os derivados equivalente a 707.569 bilhões de dólares.
Segundo Tremonti, este modo de entender a economia está acabando com o continente inteiro, reduzindo as políticas sociais, colocando em grande dificuldade a vida de cada cidadão e suas respectivas famílias.
Respondendo uma pergunta à ZENIT, Tremonti declarou que para encontrar uma “via de saída” desta situação seria preciso lançar um ano “sabático”, ou seja, a suspensão dos débitos por vinte ou quarenta anos, pois existe um volume de débitos e créditos que não tem reflexo na realidade e não são pagáveis”.
Exatamente como faziam os hebreus que durante o ano sabático e no jubilar cancelavam os débitos dos pobres, restituíam as terras e liberavam os escravos.
Para o ex-ministro da Economia é preciso separar a atividade produtiva da atividade especulativa, colocando a razão no lugar do ‘spread’, o homem ao centro da atividade laboral e desenvolver um sistema de valores conforme indicado na encíclica Caritas in veritate.
Ettore Gotti Tedeschi presidente do IOR(Istituto per Le Opere di Religione),  definiu profundamente pertinente com a realidade dos fatos a comparação entre a Arca de Noé que Tremonti faz em seu livro.
A Arca de Noé foi construída por amadores e salvou homens e criaturas, o Titanic foi construído por profissionais, e agora reside no fundo do mar.
O sentido é claro, quando se confundem fins e meios e quando os instrumentos assumem uma autonomia como se fossem ídolos, corre-se o risco de um desastre.
O presidente do IOR argumentou que “Os instrumentos devem ser readaptados àqueles que são os verdadeiros fins”.
A este propósito destacou: “Como realçado também pela encíclica Caritas in Veritate não são os instrumentos que são renovados para uma saída da difícil situação, mas os homens. Tremonti leva ambos, a saída de emergência no final é um novo sistema político, uma nova política. Os instrumentos em vez disso, os bancos devem fazer bancos, adaptando-se aos verdadeiros fins.”
A saída de emergência – concluiu Gotti Tedeschi – “significa agir sobre os intérpretes, fins, pessoas. Renovar os homens e os instrumentos”.
Monsenhor Lorenzo Leuzzi capelão da Câmara dos Deputados, propôs que se olhasse a realidade dos fatos onde a economia não é a alma, mas o corpo da ação humana.
A alma é outra coisa, por isso é necessário restabelecer uma realidade antropológica, onde a família humana está ao centro de todas as atividades, partindo exatamente da economia.
Valério de Luca presidente da AISES compartilhou plenamente da análise de Tremonti e disse estar preocupado com as situações onde “As taxas de juros tendem a se tornar a continuação da política por outros meios”.
Na saudação inicial o Magnífico reitor da Universidade Pontifícia lateranense, Enrico Dal Covolo, recordou a encíclica Populorum Progressio de Paulo VI que no n.66 afirma: “O mundo está doente. Mas sua doença não está na deterioração dos recursos ou sua apropriação por parte de alguns, como na falta de fraternidade entre os homens e entre os povos”.
As diversas intervenções foram moderadas e conduzidas por Mario Sechi, diretor do diário romano “O tempo”.
A apresentação do livro de Tremonti foi organizada no contexto do Curso de Alta formação “Ética Finança Desenvolvimento”, promovido pela Área de pesquisa Caritas in Veritate da Pontifícia Universidade Lateranense, em colaboração com a Academia Internazionale per lo Sviluppo Economico e Sociale (AISES).
(Tradução:MEM)
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Entrevistas


A RESSONÂNCIA SOCIAL E ECLESIAL DA VISITA DO PAPA AO MÉXICO (SEGUNDA PARTE)
Entrevista com três sacerdotes do Pontifício Colégio Mexicano de Roma
ROMA, quarta-feira, 14 de março de 2012(ZENIT.org) – Apresentamos a segunda parte da entrevista com os sacerdotes do Pontifício Colégio Mexicano publicada ontem.
Como é a situação da liberdade religiosa no México?
Pe Armando: É preciso entender este tema em uma perspectiva histórica. A relação da Igreja com o Estado mexicano nunca foi fácil por razões históricas que os bispos ilustraram na carta pastoral de 2000 intitulada Do encontro com Cristo à Solidariedade com todos. Os progressos obtidos em matéria de liberdade religiosa são importantes, mas não suficientes, visto que a nossa legislação não se coloca à altura de muitos países civilizados do mundo, que dão à liberdade religiosa o lugar que deve ter nos direitos humanos. No México houve uma grande reforma constitucional, aprovada recentemente na carta, que tem o direito humano como base e fundamento da legislação nacional. Mas este passo, desde que eram chamadas “garantias individuais” concedidas pelo estado até o reconhecimento dos direitos humanos, é notável e nesta conjuntura está o direito a liberdade religiosa. Existe uma série de inovações que estamos debatendo, algumas das quais o Congresso já aprovou, mas que o Senado continua a recusar, não apenas no que diz respeito a liberdade religiosa em geral, mas também a liberdade da Igreja católica em alguns setores, como a educação, as comunicações e manifestações públicas de idéias, sobre as quais existe um forte debate. Neste âmbito nós precisamos ter um pouco de “paciência histórica”, não dar passos apressados, pois, mesmo na certeza, devemos saber “convencer sem irritar”, como disse Newman, para não polarizar e não ferir sentimentos que são respeitáveis, que talvez não compartilhamos, mas que podem ter alguma razão histórica.
Existe um tema que se fala muito, ligado a religiosidade popular no México. O que pode ser feito para que esta manifestação não desvie os fiéis do “núcleo” da fé?
Pe Javier: Se trata de um elemento que apreciamos, porque a religiosidade popular  não é um elemento negativo no processo de crescimento da fé dos fiéis. É uma expressão com a qual nos servimos para aprender a amadurecer a fé deles.
Pe Armando: Acho que seria necessário entender a religiosidade popular como um viver o Evangelho com a simplicidade de homens e mulheres que não questionam muito e oferecem a Deus a sua fé de maneira muito simples. Acho que é, sobretudo uma ocasião para apresentar a novidade do Evangelho tocando a vida da comunidade, que se exprime de maneira simples com cantos, orações; traduções cíclicas, pois tudo o que exprime é ligado a vida. E como foi ensinado pelo Concílio Vaticano II, de Puebla, até Aparecida, devemos reconhecer a genuinidade e o valor da piedade popular, mas também purificar-la, pois internamente podem conter distorções ou um efeito oposto ao daquele que se procura em uma religiosidade autentica.
E a “devoção” à Santa Morte, qual é a sua origem?
Pe Emmanuel: Não é uma devoção cristã nem católica. A qualificarei como uma “pseudo-devoção” que muitas vezes- não sempre- é ligada ao narcotráfico, à violência, e que se perde nas expressões populares da fé e afasta do conteúdo do Evangelho e daquilo que a Igreja afirma em relação ao culto. Não é que exista uma guerra contra os seguidores da Santa Morte, mas através dos bispos, a Igreja indicou que é uma forma de culto que não corresponde à fé cristã – que deve render culto de adoração somente a Deus – e colocar o tema da morte no contexto cristão.
Pe Javier: Devemos estar atentos a deformação da fé no México e em qualquer lugar. Porque o tema da mal chamada “Santa Morte” não promove a Boa Nova que é Jesus Cristo e que é promover a vida. Devemos prestar mais atenção naquilo que corresponde a nossa fé, do que naquilo que a distorce e suja. É um argumento delicado que devemos saber distinguir com a nossa gente, identificar o que corresponde à nossa fé e distinguir aquilo que está à margem para não confundir com a fé cristã.
Qual é a mensagem de vocês para os nossos leitores que se preparam para a visita do papa ao México e Cuba?
Pe Emmanuel: Devemos estar muito atentos à visita do Papa em nosso país e concentrar no elemento central do evento, que é o Papa e a sua mensagem, escutando-a, com toda a sua riqueza, como uma mensagem de esperança que encoraja a continuar a obra de evangelização. E depois pedir para estarem unidos em oração para que esta viagem se realize sem contratempos e que o Espírito Santo opere sobre o Papa e na sua mensagem.
Pe Javie: Que dêem a possibilidade de escutar-lo e de descobrir como ele pode tecer os fios da nossa vida interior, familiar e nacional. E finalmente questionar: o que restará depois desta visita, no meu compromisso pessoal, familiar, eclesiástico e com o povo no México?
Pe Armando: Chama a minha atenção uma imagem de uma visita do Papa, na qual alguns jovens vestiam uma camiseta de futebol, com o nome Bento e o número 16 na parte de trás. Isto seria a mensagem, especialmente para os jovens: vestir a camisa de Bento XVI e partilhar com todos os outros, as esperanças, expectativas e medos para fortalecer uns aos outros. E sentir que o Papa é alguém da nossa casa, que vem estar conosco, para isso um ambiente de oração, de boa atmosfera e de comunidade que podemos criar será muito importante. Durante a visita é preciso estar muito atento e escutar, porque diferentemente de João Paulo II que as pessoas gostavam de ver, do Papa Bento XVI gostam de ouvi-lo. Tudo isso porque é um homem muito inteligente – a ponto de ser definido por alguns Padre da Igreja – nos fala com sabedoria e profundidade, mas ao mesmo tempo, com simplicidade capaz de iluminar e representar a esperança também nas situações mais difíceis da vida da Igreja e da sociedade. No “depois”, é necessário estar muito atento para receber luzes para a construção da paz, para a superação da pobreza e da desigualdade, como também sobre o tema da Missão Continental e da Promoção da Nova Evangelização. Para os irmãos sacerdotes é uma boa oportunidade para reforçar a vocação. Fico perplexo quando leio alguns jornais no México que instrumentalizam a visita e me pergunto: como posso ter medo de um homem de 85 anos? Muito eloqüente para nós é a vida que o Papa tem e como permanece fiel ao seu ministério. Com um peso tremendo sobre as costas, tem disciplina de vida: tem tempo para rezar, descansar, passear, ler, escrever, tocar piano, assim como recebe em Audiência muitas pessoas que querem vê-lo, ou dedica-se aos afazeres da Cúria e ao governo da Igreja...Acho que nenhum sacerdote tem o pretexto para não fazer o mesmo, e ainda pode dar um grande horizonte ao nosso ministério em dois campos: o amor e a verdade.
(Tradução:MEM)
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Espiritualidade


Para que o mundo seja salvo
Reflexões de Quaresma de Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém
BRASILIA, quarta-feira, 14 de março de 2012 (ZENIT.org) - Sua Excelência, Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará, no Brasil, enviou para os leitores do Zenit uma reflexão de quaresma com a finalidade de ajudar-nos na preparação da vivência da, cada vez mais próxima, celebração da Páscoa do Senhor. Publicamos à seguir o seu texto:
***
Por Dom Alberto Taveira Corrêa
Nestes nossos tempos, em que as dores e angústias ainda oprimem tão duramente os homens, a família humana chegou a uma hora decisiva no seu processo de amadurecimento. Progressivamente unificada, e por toda a parte mais consciente da própria unidade, não pode levar a cabo a tarefa que lhe incumbe de construir um mundo mais humano para todos, a não ser que todos se orientem com espírito renovado à verdadeira paz. A mensagem evangélica, tão em harmonia com os mais altos desejos e aspirações do gênero humano, brilha assim com novo esplendor nos tempos de hoje (cf. Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, do Concílio Vaticano II, n. 77), ao proclamar felizes os construtores da paz «porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5,9).
Continuamos a olhar para o alto, onde o “Filho do homem” está levantado, com o olhar da fé. Recebemos o anúncio de uma vida nova e corremos ao encontro de Jesus. É bom ouvir de novo que Deus enviou seu Filho para que todos tenham a vida eterna. É altamente consolador saber que Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele (Jo 3,14-21).
O clamor pela salvação é real e urgente, tanto que as pessoas se agarram a botes “salva-vidas” dependurados nos barcos de suas aventuras diárias. Para muitos, é o emprego aguardado com ânsia e depois perdido inesperadamente. Um número significativo de homens e mulheres, jovens ou adultos, mergulha nos vícios das drogas, bebidas e a busca desenfreada do prazer, ou quem sabe o desrespeito sistemático e irresponsável pelos valores que dignificam a pessoa humana, como a religião e a verdade. Outros apostaram nas muitas loterias da vida, decepcionando-se depois com o dinheiro ganho a pouco custo, sem suor, sangue ou lágrimas. O apego quase idolátrico a uma pessoa, com as decepções consequentes do término de um relacionamento, leva não poucas vezes ao desespero. Fechar-se em si mesmo, no louco desejo de ser a pessoa independente, ou, quem sabe, a proclamação em alto e bom tom que a ciência responde a tudo e não precisa de Deus, seguida de uma crise pessoal profunda e prolongada, tudo isso é retrato do grito profundo, que brota de dentro da alma, dos homens e mulheres de todos os tempos, e hoje somos nós, pela salvação.
Deus não substitui nossos esforços humanos, nem oferece respostas simplistas para nossos questionamentos, já que nos deu inteligência. Ele não mantém alcance das mãos um controle remoto, para fazer-nos tropeçar ou erguer-nos de nossas quedas. Ele nos criou à sua imagem e semelhança, expressas na inteligência, na liberdade e na capacidade de amar. Somos muito parecidos com Ele, exceto no pecado. Mas justamente pela diferença fundamental, pois nos fez para o bem, não para a perdição, não para o ódio, mas para a comunhão plena com Ele e com os outros, oferece-nos continuamente a estrada da vidaem plenitude. Foia descoberta do apóstolo São Paulo, expressa de forma magnífica na Carta aos Efésios: “É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós: é dom de Deus! Não vem das obras, de modo que ninguém pode gloriar-se. Pois foi Deus que nos fez, criando-nos no Cristo Jesus, em vista das boas obras que preparou de antemão, para que nós as pratiquemos (Ef 2, 8-10). O mesmo apóstolo explicou o mistério de “portas abertas”: “Só ultimamente ele foi revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas. Eis o mistério: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo e beneficiários da mesma promessa, no Cristo Jesus, por meio do evangelho. Desse evangelho eu fui feito ministro, pelo dom da graça que Deus me concedeu segundo a força de seu poder. A mim, o menor de todos os santos, foi dada esta graça: anunciar aos pagãos a riqueza insondável de Cristo e mostrar claramente a todos como se realiza o seu plano escondido, desde toda a eternidade em Deus, que tudo criou (Ef 3, 5-8).
A Igreja, barca confiada a Pedro, viajando pelos mares da história, quer oferecer a todos os homens e mulheres o mesmo anúncio, dado de graça e na graça, pela misericórdia de Deus. Nenhum pecado ou miséria humana sejam considerados barreiras intransponíveis. Antes, chegue a todos, pelo testemunho de acolhimento dos cristãos, pelo abraço da Divina Misericórdia oferecido neste tempo de graça, através do Sacramento da Penitência ou pela disposição ao diálogo aberto e construtivo, com que desejamos estar presentes no mundo, o anúncio da porta aberta da salvação.
E como é pela graça que somos salvos, rezemos com a Igreja: “Ó Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festa que se aproximam, cheio de fervor e exultando de fé”.
*
Dom Alberto Taveira é Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará e acumula também essas outras funções na Igreja: Bispo Assistente Nacional da Renovação Carismática Católica, Por nomeação da Santa Sé é Assistente Internacional das “Comunidades Novas nascidas da Renovação Carismática Católica, membro do Conselho Administrativo da Fundação “Populorum Progressio”, Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, preside anualmente o “Círio de Nazaré” e é membro da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos.
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Bioética


O aborto e o infanticídio
Ladeira escorregadia
John Flynn, LC
ROMA, quarta-feira, 14 de março de 2012 (ZENIT.org) – “Quando eu uso uma palavra”, disse Humpty Dumpty, em tom de desdém, “ela significa o que eu quero dizer. Nem mais nem menos”.
Este trecho de Alice no País do Espelho, de Lewis Carroll, foi retirado de uma narrativa ficcional, mas é muito adequado para descrever o artigo Aborto após o nascimento: por que a criança deveria viver?, publicado em 23 de fevereiro no Journal of Medical Ethics.
Os autores, Alberto Giubilini e Francesca Minerva, acadêmicos em Melbourne, Austrália, argumentam que "o que chamamos de aborto após o nascimento (o assassinato de um recém-nascido) deveria ser permitido em todos os casos em que o aborto também o é, inclusive naqueles em que a criança não é deficiente".
O aborto é permitido quando o feto sofre de algum tipo de malformação ou doença, ou até por motivos econômicos, sociais e psicológicos, disseram eles. E na Holanda, de acordo com o Protocolo de Groningen de 2002, as crianças que tiverem um "prognóstico sem esperança" também podem ser mortas.
Em vez do termo infanticídio, universalmente aceito para descrever o procedimento, eles adotaram a expressão "aborto após o nascimento".
"O status moral de uma criança é equivalente ao de um feto, no sentido de que que a ambos faltam as propriedades que justificam o reconhecimento do direito de um indivíduo à vida", proclamaram os autores.
Eles não colocaram qualquer limite sobre quanto tempo após o nascimento o chamado "aborto" deveria ser permitido. Apenas notaram que, normalmente, as deficiências são descobertas em poucos dias.
Quando a justificativa é por motivos não-médicos, os autores também omitiram qualquer período de tempo, dizendo que dependeria apenas do desenvolvimento neurológico da criança recém-nascida.
Discussão razoável
Como era de se esperar, o artigo de Giubilini e Minerva despertou muitas críticas. Em resposta, o editor do Journal of Medical Ethics, Julian Savulescu, escreveu no blog da revista em 20 de fevereiro que o perturbador não era a proposta dos autores de usar a expressão "aborto após o nascimento", mas sim as reações hostis ao que ele chamou de "qualquer tipo de discussão razoável".
Em uma carta aberta, publicada em 2 de março no site da revista, os autores do artigo se declararam surpresos com a reação hostil, dizendo que "tratava-se de um mero exercício de lógica".
A tática dos autores de descrever o artigo como um exercício intelectual tinha sido antecipada por Bill Muehlenberg em artigo publicado no dia anterior no site australiano Line Opinion.
"Nas décadas que precederam o Holocausto, muitas posições acadêmicas e declarações abriram caminho para o que Hitler e os nazistas fizeram", afirmou ele.
"Usar a sala de aula e as revistas acadêmicas para defender com frieza e com calma a matança de crianças não é sinal de profissionalismo nem de progresso. É um sinal de barbárie e de retrocesso".
As ideias têm consequências, disse por sua vez Stammers Trevor, em artigo publicado no dia 5 de março no site Mercator Net: "Simplificando, toda revolução social começa com uma ideia. As ideias de Giubilini e Minerva não são uma exceção e têm relevância além do mundo acadêmico".
“Como pai de uma criança com síndrome de Down, os argumentos deles me dão nojo”, disse David Warren, escrevendo em 2 de março no jornal canadense The Ottawa Citizen. “É verdade”, admite Warren, “que outros, como o bioeticista Peter Singer, já apoiaram o infanticídio. Além disso, Singer defende também a aceitação da bestialidade”.
Matar crianças e fazer sexo com animais é normal na ética de camarilha, diz o título de um artigo de Rod Liddle no Sunday Times deste fim de semana. Liddle ridiculariza Peter Singer, dizendo que ele não carecia apenas de bom senso, mas de toda lógica.
Gerald Warner, no Scotland on Sunday, observou que "o lugar mais perigoso do mundo para uma criança na Escócia é o útero da mãe. Em 2010, a mortalidade infantil levou 218 crianças escocesas à morte. O aborto, 12.826".
Niilismo ético
Embora a promoção do "aborto após o nascimento" seja um bom exemplo do que chamou de niilismo ético, Warner nota que os autores fizeram um favor à causa pró-vida. "Eles deixaram de lado os eufemismos sutis, as mentiras e os enganos anti-científicos dos lobistas pró-aborto, e chamaram o pão de pão e o queijo de queijo", disse ele.
No australiano Daily Telegraph, Andrew Bolt escreveu: "Não há um limite claro depois que você apaga a linha do absoluto que diz: não matar o bebê no útero da mãe". A ladeira é escorregadia, prossegue Bolt, e este caso demonstra o quanto.
Em 7 de março, Barney Zwartz, editor de religião no Age of Melbourne, também da Austrália, escreveu que um passo fatal foi dado no debate sobre a vida quando o conceito de "qualidade de vida" substituiu o do "valor da vida" nessas discussões.
O pai de uma criança com síndrome de Down afirmou: "Afirmar que você está seguindo uma lógica não é, de modo algum, uma justificativa. A lógica é uma ferramenta, cuja utilidade depende das premissas com as quais ela funciona. Não é um bem em si mesma".
Estes princípios morais firmes são ainda acusados ​​de "excessiva rigidez". O episódio descrito aqui demonstra o que a "flexibilidade" pode se tornar quando o tema em questão são os princípios morais fundamentais.
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Audiência de quarta-feira


O lugar privilegiado de Maria é a Igreja
A catequese de Bento XVI durante a Audiência Geral de hoje
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 14 de março de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos a catequese de Bento XVI realizada nesta quarta-feira, na Praça de São Pedro.
***
Queridos irmãos e irmãs,
Com a Catequese de hoje gostaria de começar a falar da oração nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São Paulo. São Lucas nos concedeu, como sabemos, um dos quatro Evangelhos, dedicado à vida terrena de Jesus, mas nos deixou também aquele que foi definido como primeiro livro sobre a história da Igreja, isto é, os Atos dos Apóstolos.
Em ambos este livros, um dos elementos recorrentes é justamente a oração, desde aquela de Jesus àquela de Maria, dos discípulos, das mulheres e da comunidade cristã. O caminho inicial da Igreja permaneceu, antes de tudo, é conduzido pela ação do Espírito Santo, que transforma os Apóstolos em testemunhas do Ressuscitado, até a efusão do sangue, e pela rápida difusão da Palavra de Deus no Oriente e no Ocidente.

Todavia, antes que o anúncio do Evangelho se difunda, Lucas traz o episódio da Ascenção do Ressuscitado (cfr At 1,6-9). Aos discípulos, o Senhor entrega o programa de existência deles: a dedicação à evangelização. E diz: “Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém,em toda Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1,8).
Em Jerusalém, os Apóstolos permaneceram em onze, por causa da traição de Judas Iscariotes, eles permaneceram em casa para rezar, e é justamente na oração que esperam o dom prometido por Cristo Ressuscitado: o Espírito Santo.
Neste contexto de espera, entre a Ascenção e o Pentecostes, São Lucas menciona por fim, Maria, a Mãe de Jesus e seus familiares (v. 14). A Maria é dedicado o início de seu Evangelho, do anúncio do Anjo ao nascimento e a infância do Filho de Deus que se fez homem. Com Maria inicia a vida terrena de Jesus e com Maria iniciam-se também os primeiros passos da Igreja; em ambos os momento,s o clima é de escuta de Deus, de recolhimento.
Hoje, portanto, queria dedicar-me a esta presença orante da Virgem no grupo dos discípulos que serão a primeira Igreja nascente. Maria seguiu com discrição todo o caminho de seu Filho durante a vida pública até os pés da cruz, e agora continua a seguir, com uma oração silenciosa, o caminho da Igreja.
Na Anunciação, na casa de Nazaré, Maria recebe o Anjo de Deus, é atenta às suas palavras, as acolhe e responde ao projeto divino, manifestando sua plena disponibilidade: “Eis aqui a serva do Senhor: faça-se em mim segundo Sua vontade” (cfr Lc 1,38).
Maria, por uma atitude interior de escuta, é capaz de ler a própria história, reconhecendo com humildade que é o Senhor a agir. Ao visitar a prima Isabel, ela exorta numa oração de louvor e alegria, de celebração pela graça divina, que encheu seu coração de vida, rendendo-a Mãe do Senhor (cfr Lc 1,46-55).
Louvor, agradecimento e alegria: no canto do Magnificat, Maria não olha só aquilo que Deus operou nela, mas também aquilo que se cumpriu e se cumpre continuamente na história.

Santo Ambrósio, em um célebre comentário sobre o Magnificat, convida a ver o mesmo espírito de oração e escreve: “Esteja em cada um a alma de Maria que engrandece o Senhor, esteja em todos o espírito de Maria que exulta em Deus” (Expositio Evangelii secundum Lucam 2, 26: PL 15, 1561).
Mesmo no Cenáculo, em Jerusalém, no “quarto no piso superior, onde normalmente se reuniam”, os discípulos de Jesus (cfr At 1,13), em um clima de escuta e oração, ela estava presente, antes de abrirem-se as portas e começar a anunciar Cristo Senhor a todos os povos, ensinando a observar tudo aquilo que Ele havia ordenado (cfr Mt 28,19-20).
As etapas do caminho de Maria, da casa de Nazaré àquela de Jerusalém, passando pela Cruz onde o Filho a confia ao apóstolo João, são marcadas pela capacidade de manter um perseverante clima de recolhimento, para meditar cada acontecimento no silêncio de seu coração, diante de Deus (cfr Lc 2,19-51) e na meditação diante de Deus também compreende a vontade de Deus e a capacidade de aceitá-la interiormente.
A presença da Mãe de Deus com os Onze, depois da Ascenção, não é uma simples anotação histórica de uma coisa do passado, mas assume um significado de grande valor, porque com eles, ela partilha aquilo que para ela é mais precioso: a memória vida de Jesus, na oração; partilha a missão de Jesus, conserva a memória de Jesus e, assim, conserva sua presença.
A última referência a Maria nos dois escritos de São Lucas é colocado no dia de sábado: o dia do descanso de Deus, depois da Criação, o dia do silêncio depois da Morte de Jesus e de espera de Sua Ressurreição. É sobre este episódio que se enraíza a tradição de Santa Maria no Sábado.
Entre a Ascenção do Ressuscitado e o primeiro Pentecostes cristão, os Apóstolos e a Igreja se reúnem com Maria para esperar com ela pelo dom do Espírito Santo, sem o qual não se pode tornar testemunha. Ela que já o reconhece por ter gerado o Verbo encarnado, divide com toda Igreja este mesmo dom, para que no coração de cada crente “seja formado Cristo” (cfr Gal 4,19). Se não há Igreja sem Pentecostes, não há também Pentecostes sem a Mãe de Jesus, porque Ela viveu de modo único aquilo que a Igreja experimenta todos os dias sob a ação do Espírito Santo.

São Cromácio de Aquiléia comenta assim sobre o registro dos Atos dos Apóstolos: “Na verdade, a Igreja foi congregada na quarto do andar superior com Maria, que era a Mãe de Jesus e com os Seus irmãos. Não se pode, portanto, falar de Igreja se aí não estiver presente Maria, a mãe do Senhor... Na Igreja de Cristo é pregada a Encarnação de Cristo na Virgem, e onde pregam os apóstolos, que são irmãos do Senhor, lá se escuta o Evangelho”(Sermo 30,1: SC 164, 135).
O Concílio Vaticano II quis destacar, de modo particular, esta ligação que se manifesta visivelmente na oração de Maria junto aos apóstolos, no mesmo lugar, na espera pelo Espírito Santo. A Constituição dogmática Lumen gentium afirma: “Tendo sido do agrado de Deus não manifestar solenemente o mistério da salvação humana antes que viesse o Espírito prometido por Cristo, vemos que, antes do dia de Pentecostes, os Apóstolos «perseveravam unânimemente em oração, com as mulheres, Maria Mãe de Jesus e Seus irmãos» (Act. 1,14); e vemos também Maria implorando, com as suas orações, o dom daquele Espírito, que já sobre si descera na anunciação” (n. 59).  “O lugar privilegiado de Maria é a Igreja, onde é “saudada como membro eminente e inteiramente singular... e modelo perfeitíssimo na fé e na caridade” (ibid., n. 53).
Venerar a Mãe de Jesus na Igreja significa ainda aprender com ela a ser comunidade que reza: é esta uma das notas essenciais da primeira descrição da comunidade cristã delineada nos Atos dos Apóstolos (cfr 2,42).
Normalmente a oração é ditada a partir de situações de dificuldade, problemas pessoais que levam a dirigir-se ao Senhor para ter luz, conforto e ajuda. Maria convida a abrir as dimensões da oração, a dirigir-se a Deus não somente na necessidade e não somente para si mesmo, mas de modo unânime, perseverante, fiel, com um “coração só e uma alma só” (cfr At 4,32).

Queridos amigos, a vida humana atravessa diversas fases de passagem, normalmente difíceis e empenhativas, que pedem escolhas obrigatórias, renuncias e sacrifícios.A Mãe de Jesus foi colocada pelo Senhor em momentos decisivos da história da salvação e ela soube responder sempre com plena disponibilidade, fruto de uma ligação profunda com Deus amadurecida na oração assídua e intensa.

Entre a Sexta-feira da Paixão e o Domingo da Ressurreição, a ela foi confiado o discípulo predileto e com ele toda a comunidade dos discípulos (cfr Jo 19,26).
Entre a Ascenção e o Pentecostes, ela se encontra com e na Igreja em oração (cfr At 1,14). Mãe de Deus e Mãe da Igreja, Maria exercita esta sua maternidade até o fim da história. Confiamos a ela cada fase da passagem da nossa existência pessoal e eclesial, até nossa passagem final. Maria nos ensina a necessidade de orar e nos indica que só com a ligação constante, íntima, plena de amor com seu Filho podemos sair da “nossa casa”, de nós mesmos, com coragem, para conquistar os confins do mundo e anunciar em qualquer lugar o Senhor Jesus Salvador do mundo.Obrigado.
(Tradução:CN notícias)  - Zenit

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